A Verdadeira Autoridade – Parte 1

Nota: O texto a seguir não pode ter sua veracidade comprovada. O texto induz o leitor pensar tratar-se de uma entrevista feito com Larry King, inclusive por sua origem judaica. Não há referência localizada da transcrição abaixo no site http://transcripts.cnn.com/TRANSCRIPTS/, ainda sim pela explanação apresentada temos sua leitura como recomendada.

TRANSCRITO DE DUAS ENTREVISTAS REALIZADAS NA CALIFORNIA
NO PROGRAMA “DEBATENDO A VERDADE” PELO DR. KING
NO MÊS DE FEVEREIRO DO ANO DE 2006.

Primeira Parte

 Entrevistador: Saudações, amigos. Estamos no programa: “Debatendo a verdade”. Nesta ocasião estamos tratando do assunto da autoridade, ou seja, quem tem a autoridade, a Igreja Católica ou a Protestante, para determinar quais livros são considerados sagrados e quais livros não são considerados sagrados. Aos que acabam de sintonizar-nos quero dizer que sou o Dr. King, apresentador de televisão e a minha esquerda se encontra o Dr. Piodoche, da Igreja Católica e a minha direita o Dr. Martín, representante da Igreja Protestante, ambos os amigos, ambos cristãos, mas que não estão em concordância sobre o assunto da autoridade. E como é evidente, amigos em desacordo, mas que permanecem amigos apesar de tudo, é um grande exemplo de civilização para todos nós.

Autoridade é um assunto básico em toda organização, seja religiosa ou secular. Quem está em autoridade?  Quem é a autoridade em uma comunidade? Para que está a autoridade? Quem deu essa autoridade? O que significa ter autoridade? Quais são seus limites, se é que existem? Por que chamamos certas pessoas ou regimes autoritários e tal designação tem uma conotação negativa quase sempre? São perguntas chaves, porque “autoridade”  sempre se relaciona com poder, domínio, estabelecer as regras para fazer certas coisas, ou impor um ponto de vista, se dar ao respeito ou capacidade para influenciar a outros acerca de certa conduta ou assunto que deve ser realizado. Com relação a este debate, a pergunta é a seguinte: Quem tem autoridade para dizer quais livros da Bíblia são inspirados e quais livros não são?

As pessoas aceitam certas coisas por tradição, costume ou cultura, e assim temos crescido e assim agimos, até que vem alguém e nos desafia com algo diferente ao que sempre assimilamos culturalmente e de repente nos damos conta de que não temos respostas apropriadas, ou simplesmente não temos respostas. Este debate nos ajudará a esclarecer estas coisas. Pelo menos é o que esperamos.

Entrevistador: Quem tem autoridade para dizer quais livros devem formar o Novo Testamento e quais livros devem ficar de fora? É a Igreja Católica ou é a Protestante? Certamente todos nós conhecemos os princípios fundamentais que dividem o Cristianismo Católico do Cristianismo Protestante e Evangélico. Em termos de Escritura, o assunto da autoridade é crítico. A Igreja Católica afirma que ela é quem tem a autoridade para instruir na fé cristã ao mundo inteiro. Queremos perguntar ao Dr. Piodoche, cristão católico, sobre que base a Igreja afirma este postulado.

Dr. Piodoche: Agradeço a oportunidade de estar aqui. Primeiro de tudo quero deixar claro que o Dr. Martín e eu, somos bons amigos, nos conhecemos desde a infância, estudamos juntos e nos unem muitos vínculos de amor fraternal, teológico e cultural.  Obviamente existem algumas diferenças, e isto é precisamente o que nos trouxe aqui. Pois bem, minha Igreja Católica afirma que é a única que tem autoridade para instruir na fé cristã ao mundo inteiro com base em três pilares fundamentais:

  • Escritura

  • Tradição

  • Magistério Eclesiástico

Entrevistador: Dr. Piodoche, talvez alguns de nossos telespectadores não entendam exatamente o que significam estes termos técnicos que o Sr. está usando. Poderia explicar-lhes, por favor?

Dr. Piodoche: Por Escritura quero dizer que o Senhor entregou à Igreja as “chaves do reino” e por isso, a autoridade para decidir o que é bíblico e o que não é bíblico é da Igreja Católica, portanto, ela, baseada na Tradição e no Magistério, tem determinado, mediante os concílios estabelecidos para tais fins, quais livros compõem a Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamento.

Por Tradição quero dizer que a diferença dos  protestantes e evangélicos, somente a Igreja Católica conta com uma tradição de fé que oferece legitimidade a suas práticas e costumes porque têm fundamento histórico provado que tem sido passado de comunidade a comunidade, de bispo a bispo até Roma quando São Pedro instituiu ali a Santa Igreja.

E por Magistério quero dizer que, diferentemente dos que se separaram de nós, como o Dr. Martín, por exemplo, (ainda que continuemos chamando-os de “irmãos separados”), a Igreja Católica é a única instituição cristã que pode apresentar uma folha ininterrupta de liderança que vai desde o atual papa, por sucessão apostólica, até o primeiro papa, que é São Pedro.

Por estas três razões, Escritura, Tradição e Magistério, que se unem e se apóiam pedras em uma cerca,  nossa Santa Igreja Católica afirma que ela é a única instituição cristã que pode demonstrar sua legitimidade e nessa legitimidade está precisamente, sua autoridade e esta autoridade é o que determina como deve ser apresentada a fé cristã ao mundo.

Entrevistador: Então, para a Igreja, a autoridade do Cristianismo Protestante ou Evangélico, é inexistente e somente consiste em una usurpação de sua própria autoridade ou em uma extensão dela ou um subproduto desnecessário. Certo?

Dr. Piodoche: Certo. Em outras palavras, a teologia protestante e evangélica não é outra coisa que Catolicismo disfarçado em outra forma de dizer a mesma coisa para escapar do fato de que devem sujeitar-se a única autoridade reconhecida, a da Igreja Católica e suas instituições oficiais.

Entrevistador: Obrigado, Dr. Piodoche. A minha direita se encontra o Dr. Martín, que todos nós conhecemos muito bem por representar o movimento Protestante dentro do Cristianismo. Queremos escutar sua opinião sobre o assunto que muito claramente demonstrou oposição neste debate. Dr. Martín, você tem a palavra.

Dr. Martín: Agradeço a oportunidade que me concedem de estar aqui para apresentar meu ponto de vista. Concordo com o Dr. Piodoche que nos unem profundos laços teológicos e históricos, mas que em algumas coisas não estamos de acordo, especialmente neste assunto de quem tem a autoridade para determinar no que devemos crer ou no que não devemos crer e particularmente, quem tem a autoridade para decidir quais livros formam e quais livros não formam as Escrituras. Quero esclarecer que o Dr. Piodoche não é meu inimigo, somente divergimos em alguns aspectos. Segundo a perspectiva de minha igreja, afirmamos que somente a Escritura é válida como fonte de autoridade;  nem a tradição nem o magistério. Conseqüentemente, se a Bíblia não diz, não é aceitável. Tudo tem que ser provado pela Escritura e somente pela Escritura. Daí temos estabelecido três pilares fundamentais de nossa teologia e são os seguintes:

  • Primeiro: A superioridade da Escritura sobre a Tradição.

  • Segundo: A superioridade da fé sobre as obras.

  • Terceiro: A superioridade do povo sobre o Clero.

As tradições da Igreja Católica são tradições de homens, frágeis, falhos, e o que encontramos nos credos, catecismos, confissões e decisões conciliares, não têm nenhum valor comparado al fato de que só a Escritura é confiável e válida. Se não está nas Escrituras, não é aceitável.

Entrevistador: o que o Sr. está dizendo então é que a autoridade não está na Igreja Católica, e sim está na Bíblia, somente na Bíblia. Se não está na Bíblia, não temos porque aceita-lo.

Dr. Martín: Certo. E tem mais. Não deve estar em um só lugar na Bíblia, mas pelo menos em dois o três lugares, porque dois ou três testemunhos sempre são chaves, não podemos fazer doutrina dependendo de um só testemunho.

Entrevistador: Então podemos dizer que claramente que esta é a posição oficial tanto Protestante como Evangélica.

Dr. Martín: Sim. A Bíblia e somente a Bíblia e nada mais que a Bíblia é nossa fonte de autoridade. Nem a tradição nem o magistério. A Bíblia, as Sagradas Escrituras, desde Gênesis até Apocalipse. Nada mais, nada menos.

Entrevistador: Bem, creio que vamos entendendo o ponto do Dr. Martín e tenho que reconhecer que parece um argumento muito sólido. Entretanto, a minha esquerda se encontra o Dr. Piodoche, representante do Vaticano. O que responde a Igreja Católica a este argumento do Dr. Martín?

Dr. Piodoche: Entendo o argumento apresentado pelo Dr. Martín, mas não concordo por ser inconsistente. Em outras palavras, a teoria de que só a Escritura é a única fonte confiável da autoridade do Protestantismo não resiste à prova de evidência.

Entrevistador: Poderia explicar melhor?

Dr. Piodoche: Claro, e esta é a resposta. Em primeiro lugar,  se a Igreja Católica não tivesse determinado o que é a Bíblia e que livros contem, os Protestantes e Evangélicos não teriam sequer idéia do que é a Escritura.

Em outras palavras, os protestantes e evangélicos tem Nevo Testamento, porque foi a Igreja Católica quem determinou quais livros devem formar o cânon das Escrituras e conseqüentemente sem o testemunho e autoridade da Igreja Católica, que tem editado o Nevo Testamento, os protestantes e evangélicos não o teriam.

Entrevistador: O que o Sr. quer dizer então é que o Dr. Martín não poderia traduzir o Novo Testamento para o alemão sem a ajuda da Igreja que lhe deu o Novo Testamento.

Dr. Piodoche: Correto. E mais, cada vez que os protestantes e evangélicos abrem o Novo Testamento e lêem uma página que se chama: “ÍNDICE”,  tem que depender não da Sola Scriptura, como equivocadamente afirmam, mas da tradição e autoridade da Igreja Católica quem ditou quais livros formam o Novo Testamento e em que ordem devem estar escritos.

Entrevistador: Dr. Piodoche, o Sr. ouviu seu amigo, o Dr. Martín, afirmando que a autoridade está na Bíblia não na Igreja. E o Sr. respondeu dizendo que tal pensamento é inconsistente porque se a Igreja não tivesse determinado a lista dos livros do Novo Testamento, o Dr. Martín não haveria sabido da existência destes livros e, portanto não os haveria traduzido para o alemão. O que quero dizer é que segundo sua posição, o Protestantismo e o Meio Evangélico dependem então da autoridade da Igreja, queiram ou não queiram. Ou seja, que estão sujeitos à autoridade da Igreja Católica.

Dr. Piodoche: Sim, Dr. King. Pero há muito, muitíssimo mais que demonstra mais além de toda dúvida razoável, que tanto os Protestantes como os Evangélicos, mesmo que digam que não, na prática estão sujeitos à autoridade da Igreja Católica, e é por esta mesma razão que os chamamos, “irmãos separados”.

Entrevistador: Poderia mostrar evidências concretas do que o Sr. acaba de dizer? Porque suas declarações são muito abrangentes.

Dr. Piodoche: Claro que posso mostrar estas evidências. E ao mostrar, não estou abrangendo muito, porque todo mundo que tem um cérebro para pensar, poderá detectar imediatamente que digo a verdade e não somente que digo a verdade, mas que essa verdade pode ser comprovada historicamente. Quero mostrar seis evidências. E se alguém quiser mais, com muito prazer incluirei outras. Porém creio que estas são suficientes. Estas são seis evidências que demonstram como os protestantes e Evangélicos, ainda que digam outra coisa, em suas práticas religiosas e em sua teologia fundamental, dependem da Igreja Católica, estão sujeitos à Igreja Católica e  vivem debaixo da autoridade da Igreja Católica.

Primeira Evidência:

Cada vez que os protestantes e evangélicos adoram no Domingo, tem que depender da autoridade exercida pela Igreja Católica para determinar, usando sua autoridade, que o Sábado não será mais para os cristãos, e sim o domingo o novo dia de adoração. Portanto, quando meu amigo Dr. Martín assim como o restante dos evangélicos se reúnem em seus templos para adorar no domingo, estão reconhecendo a autoridade única e exclusiva que tem a Igreja Católica, porque foi a Igreja quem determinou que dia de adoração contrária para os cristãos, e este dia é o domingo, não o sábado judeu nem outro dia.

Segunda Evidência:

Cada vez que os protestantes e evangélicos celebram o Natal em 25 de dezembro, ainda que digam por um lado que dependem somente da Escritura, na prática dependem realmente da autoridade da Igreja Católica que foi quem estabeleceu o dia 25 de Dezembro como o dia do nascimento do Senhor.

Terceira Evidência:

Cada vez que os protestantes e evangélicos celebram a Sexta-Feira Santa e o Domingo de Ressurreição, na data que o fazem, seguem a autoridade da Igreja Católica que estabeleceu através de seus concílios, tradição e magistério, qual é o dia que os cristãos têm que se lembrar da morte e ressurreição do Senhor. E mais, a cada ano recebo ligações de pastores evangélicos me perguntando: Quando cai sexta-feira santa este ano? Isto demonstra a autoridade da Igreja Católica e a sujeição à Igreja Católica que tem nossos irmãos separados mesmo quando digam que não, sabemos que é sim.

Quarta Evidência:

Cada vez que os cristãos protestantes e evangélicos celebram o dia 31 de dezembro como o dia final do ano e o primeiro de janeiro como o primeiro dia do ano, dependem, não da Sola Scriptura, como dizem, e sim da autoridade da Igreja Católica, que através de suas tradições, concílios e magistério determinou que neste dia termina o ano e começa o ano novo. Portanto, ainda que não queiram, na prática, não fazem outra coisa além de reconhecer a autoridade da Igreja Católica, a única autoridade legítima em assuntos da fé cristã.

Quinta Evidência:

Quando os protestantes e evangélicos batizam a seus membros usando a fórmula: “Em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, não fazem outra coisa além de reconhecer que a autoridade para determinar a fórmula batismal, é da Igreja Católica, porque em nenhum lugar do Novo Testamento encontramos a nenhum apóstolo balizando assim, foi a Igreja quem estabeleceu tal fórmula e quando os “irmãos separados” a usam, o que fazem é afirmar que a única autoridade para determinar a maneira como se expressa a fé cristã, está na Igreja Católica, no Vaticano.

Sexta Evidência:

Quando nossos irmãos separados dizem: “só a Escritura é a fonte de autoridade”,  tem que depender da Igreja Católica porque foi ela quem determinou que livros formam a Escritura mostrando assim, com fatos e não com palavras que ela é a receptora legítima da autoridade e portanto, somente ela pode exercê-la legitimamente.

Entrevistador: Enfim, a Igreja Católica é quem determina os livros que compõem a Bíblia e, portanto, é ela que determinou a lista dos livros inspirados e dos não inspirados. Certo?

Dr. Piodoche: Certo.

Entrevistador: Bem,  O que o Dr. Martin tem a dizer?

Dr. Martín: Obrigado, Dr. King, estava esperando minha oportunidade para falar porque definitivamente o  Dr. Piodoche está tratando do assunto muito claramente, obviamente desde seu ponto de vista, que eu respeito, porque como disse desde o principio e como ele também afirmou, apesar de tudo, somos amigos, viemos da mesma escola e buscamos uma mesma meta. Ninguém nega a participação que deu a Igreja Católica em cada um dos seis pontos apresentados aqui. Entretanto, eu tenho uma pergunta para o Dr. Piodoche. O Sr. Disse a principio que a autoridade da Igreja Católica descansava em três pilares fundamentais: Escritura, tradição e magistério eclesiástico. O que quis dizer então é que a Igreja Católica é a testemunha mais antiga que existe sobre o assunto da fé cristã e, portanto ela é quem tem a autoridade para definir o que realmente é fé cristã e que ao fazer isto, seu testemunho pode ser recebido como absoluta verdade e confiabilidade. Certo?

Dr. Piodoche: Irmão Martín: Ainda que não tenha idéia de onde quer ir, tenho que dizer que sim, que isso está certo e o Sr. sabe muito bem.

Dr. Martín: Bem, quer te perguntar, então: A Igreja Católica tem dito sempre a verdade? Ou vocês reconhecem que se equivocaram em algumas coisas?

Dr. Piodoche: Bom, não estamos tratando aqui desses assuntos. Obviamente, a Igreja Católica se equivocou em algumas coisas, pois ela está formada por homens, mas com relação ao assunto específico que estamos tratando aqui, eu mostrei a vocês evidências que demonstram que a autoridade está na Igreja Católica, e fora dela ninguém tem autoridade, especialmente no que se refere ao assunto do cânon das Escrituras.

Dr. Martín: Bem, entendo, o Sr. afirma então que em outras coisas a Igreja Católica se equivocou em seu veredicto. Isto é suficiente para mim e agradeço sua humildade em reconhecer. Mas como é evidente, se a igreja Católica se equivocou em algumas coisas, então o Sr. aceita que houve necessidade de reformas e que essas reformas foram iniciadas por nós. Correto?

Dr. Piodoche: Não vejo isto muito relacionado com o assunto específico que estamos tratando, mas sim, está correto. Aceito que houve erros e que foi necessário corrigi-los.

Dr. Martín: Outra pergunta: A Igreja Católica tem sido testemunha de todo o processo de formação da Igreja desde suas origens até esta data? Ou houve algum tempo quando a Igreja Católica não foi testemunha de tais fatos?

Dr. Piodoche: Certamente, a Igreja Católica tem um testemunho ininterrupto de todo o processo histórico desde seu nascimento até os dias atuais. Ainda que nem sempre fosse testemunha de todas as coisas. Mas quero falar melhor sobre isto. Historicamente falando, especialmente relacionado com o Novo Testamento, a Igreja Católica afirma duas coisas centrais: Primeiro que tem sido sua autoridade o que tem determinado a maneira como deve estar formado o cânon do Novo Testamento. Segundo, que tem sido sobre a base de sua autoridade como tem sido preservado e transmitido o cânon até nossos dias. Isto é o que diz a Igreja Católica: Fora dela, ninguém pode reclamar autoridade sobre o Novo Testamento, nem sua norma nem sua  canonicidade.

Entrevistador: Sendo assim, o que o Dr. Piodoche está dizendo é que não importa como, é preciso confiar na Igreja Católica, suas tradições, decisões, magistérios e concílios se queremos que o Novo Testamento continue sendo um livro sagrado e inspirado para o Cristianismo, no mesmo nível que o Antigo Testamento, ou seja, ambos a Palavra perfeita do Eterno aos homens.

Dr. Piodoche: Certo. Dr. King, tanto a igreja protestante como a evangélica de nossos dias, se encontram em uma situação de aperto e esta situação se incrementa quando tem que responder perguntas críticas e difíceis. É preciso reconhecer que sem a aceitação coerente da história e do lugar da Igreja Católica dentro da Historia, a Bíblia vem a ser como um livro solto no ar, muito bonito e bem apresentado, mas vagando no ar, sem sentido histórico, ao menos que aceitemos o veredicto da Igreja Católica. E quero insistir nisto: Quando nós abrimos nossas Bíblias, antes de encontrarmos Gênesis 1:1, achamos uma página que diz: “ÍNDICE”, e nenhuma pessoa bem informada pode negar que tal página não forma parte da Escritura, mas sim que aponta para a Escritura Inspirada.

Entrevistador: Dr. Martín: Quão importante é esta primeira página que apresenta o Dr. Piodoche?

Dr. Martín: Temos que reconhecer que é extraordinariamente importante, porque esta página nos diz o que é válido e inspirado e quais são os limites confiáveis e seguros das Escrituras.

Dr. Piodoche: E este é o problema dos protestantes e evangélicos, que eles não têm uma doutrina de Lista de Conteúdo (Índice) das Escrituras, e não tem outra alternativa que seguir o que foi dito e a autoridade da Igreja Católica.

Entrevistador: O que o Sr. quer dizer, Dr. Piodoche é que  nem a Igreja Protestante nem a Evangélica poderia ter hoje um Novo Testamento em suas mãos, se a  Igreja Católica não tivesse estabelecido seu cânon, preservado seu conteúdo e transmitido ao mundo como palavra infalível e inspirada de D-us para os homens. Entendi bem?

Dr. Piodoche: Entendeu muito bem, Dr. King. E sobre isto, todos os católicos podem dizer com orgulho que  a Igreja Católica é a receptora, editora, custódia e administradora dessa palavra, e ela se reserva, então, ao direito em sua autoridade,  não somente de determinar quais livros são e quais livros não são, e ainda de explicar seu significado preciso e fazer as correções necessárias para que este significado preciso dado pela Igreja Católica, ou seja, seu catecismo esteja bem estabelecido no conteúdo apontado pelo Índice criado, preservado e transmitido por ela.

Dr. Piodoche: Quando a Igreja Católica fala oficialmente, ex cátedra, pela voz de seu cabeça, o bispo de Roma, suas palavras são inspiradas por D-us, respaldadas por D-us e devem ser aceitas como normativas  por todos os cristãos que aceitam seu testemunho sobre a lista e conteúdo do Novo Testamento que ela tem apresentado ao mundo. Mas já que o Dr. Martín fez perguntas diretamente a mim, eu quero fazer a ele una pergunta diretamente a ele também. Posso?

Entrevistador: Sim, Dr. Piodoche.

Dr. Piodoche: Por que os protestantes e evangélicos podem crer na Igreja Católica em relação ao mais importante, o cânon da Bíblia, e não em suas doutrinas? Isto revela, desde a perspectiva católica, uma contradição. Porque por um lado os cristãos protestantes e evangélicos estão sujeitos à autoridade da Igreja Católica, queiram o não queiram, tanto em determinar as fronteiras do conteúdo da Bíblia como na maioria de suas práticas e costumes, como vimos antes, mas ao mesmo tempo negam aqui e lá o que consideram que não é normativo nem autoridade, ignorando assim, para seu próprio mal, a autoridade suprema da Igreja Católica e convertendo-se em seu juiz, quando em realidade deveria ser um servo fiel.

Dr. Martín: Obrigado por perguntar, ainda que tampouco saiba onde quer chagar com isto (risos no auditório) e o assunto não é exatamente o que estamos tratando, não obstante já aceitaste que a Igreja cometeu erros e que havia que corrigi-los. Quer uma resposta melhor?

Dr. Piodoche: Do ponto de vista da Igreja Católica, somente se os protestantes e evangélicos aceitam sua dependência dela e mantêm sua continuidade histórica com ela, poderão usar a autoridade das Escrituras para seu bem, porque esta autoridade depende do que a Igreja Católica disse o que é a Bíblia e o que não é a Bíblia, o que é o Novo Testamento e o que não é o Novo Testamento. Aceitas isso ou não, Dr. Martín?

Dr. Martín: Alguns livros são discutíveis. E o Sr. Sabe muito bem. Por exemplo, eu tenho dúvidas com relação à carta de Tiago. Creio que foi deixada aí por vocês para justificar vossa doutrina de salvação por obras e não por fé somente. Vocês sabem muito bem que esta carta não é para gentios.

Dr. Piodoche: Dr. King, se os protestantes e evangélicos se desconectam da Igreja Católica nem sequer estão em condições de decidir por si mesmos quais livros são inspirados e quais não são, porque somente a Igreja Católica tem sido receptora desta autoridade. O Dr. Martín fala da Carta de Tiago, mas afinal teve que incluir em sua lista e hoje em dia aparece em todas as listas. Quem se atreve a remover os quatro evangelhos do Novo Testamento e continuar sendo parte do Cristianismo? Quem de vocês se atreve a acrescentar um evangelho ao Novo Testamento e continuar sendo parte do Cristianismo? Ao que a Igreja Católica determinou não se pode acrescentar nem remover, nem sua doutrina fundamental sobre D-us e Cristo pode ser alterada, porque uma só mudança que se faça, deixa de ser parte da continuidade teológica da Igreja, e isto retira automaticamente teu acesso a Bíblia, porque o Dr. Martín depende dela para sua aceitação. Tal estado de coisas revela, mais além de toda dúvida, que é a Igreja Católica a quem D-us deu a autoridade para atar e desatar e é ela que tem as chaves do reino dos céus.

Entrevistador: O Dr. Piodoche, representando a Igreja Católica afirma que ainda que digam outra coisa, na prática, os cristãos protestantes e evangélicos estão sujeitos à autoridade da Igreja em termos de cânon da Escritura, doutrina de D-us, doutrina de Cristo e práticas e costumes eclesiásticos, tudo o qual revela que, se confessam ou não, aceitam de qualquer forma a autoridade da Igreja Católica e que estão sujeitos a ela em cada um destes aspectos. Compreendi bem, Dr. Piodoche?

Dr. Piodoche: Entendeu bem, Dr. King. Se os protestantes ou evangélicos rejeitam a Igreja Católica, o fazem por ignorância ou por rebeldia, mas não pela verdade histórica evidente de foi ela quem ditou o porquê de haver 27 livros no Novo Testamento e porque não 26, porque não 30.

Entrevistador: O Dr. Martín mencionou que pessoalmente não aceitava a carta de Tiago por não ser dirigida aos gentios, e porque apoiava a teologia católica da justificação por obras e não pela fé somente. Certo, Dr. Martín?

Dr. Martín: Correto. Tudo indica que a Carta de Tiago foi escrita aos fiéis da circuncisão (judeus), não da incircuncisão (gentios) e, portanto, isto cria uma situação diferente, porque os judeus estão em um lado diferente neste debate.

Estrevistador: Bom, isso me interessa, porque todos vocês sabem de minhas raízes judaicas, não sou observante, mas meus pais e avós eram judeus, não eram cristãos, tampouco praticantes do judaísmo, mas falar que os judeus caem em um lado diferente neste debate chama minha atenção. O que o Sr. quer dizer com isto, Dr. Martín?

Dr. Martín: Os judeus foram o povo do pacto. Por sua rejeição a Jesus como Messias, perderam sua posição de povo do pacto e esta posição foi preenchida por fiéis dentre as nações que tem aceitado a Jesus com o Messias. Mas ainda assim, quando eles se arrependerem e se converterem, serão enxertados de novo na Igreja Universal e invisível, composta por judeus e não judeus crentes em Jesus como o Messias.

Entrevistador: Mas ao falar dos judeus, estamos falando de m povo que nunca deixou de ser povo, se fosse de outra maneira eu não estaria aqui entre vocês. Obviamente a criação do Estado de Israel me diz que os judeus seguem aí, que não fomos eliminados, pelo menos totalmente, não?

Entrevistador: Dr. Piodoche, o Dr. Martín afirmou que os judeus foram rejeitados por D-us como povo escolhido porque não aceitaram a Jesus como Messias e que os não judeus que o aceitam se constituem no novo povo escolhido. Certo?

Dr. Piodoche: A Igreja Católica é o povo de D-us. É o Israel espiritual, formado por judeus e não judeus crentes em Jesus como o Messias. Se os judeus querem fazer parte de novo do povo escolhido, tem que se converter ao cristianismo e com muito prazer os receberemos. Entretanto, historicamente falando, eles são nossos irmãos mais velhos e através deles a Igreja Católica pôde receber o Antigo Testamento.

Entrevistador: Bom, a participação de um judeu aqui neste debate parece uma boa idéia. Eu acho que deveríamos trazer um rabino para que nos apresente seu ponto de vista. O que vocês acham?

(Se ouvem gritos do auditório: “Bom” “Excelente”  “Agora mesmo” e aplausos)

Entrevistador: Senhores, o tempo está esgotado. Quero agradecer profundamente ao Dr. Piodoche e ao Dr. Martín pela presença neste programa e a todos vocês que tem estado aqui desfrutando sem dúvida da riqueza que ambos colocaram sobre a mesa. Mas prometo que no próximo programa sobre o assunto, trarei um judeu para ouvir seu ponto de vista. Agradeço a todos.

(O Dr. King se levanta e cumprimenta a ambos os conferencistas e se despede do auditório. O Dr. Piodoche e o Dr. Martín apertam as mãos e saem juntos do cenário).

Um comentário

  1. leandrovieirazuma said:

    Shalom, de tudo que foi dito, tenho o dever de acrescentar que o representante Católico está certo quando diz que os protestantes/evangélicos se não concordam com a Igreja Católica….Digo eu que, como sabemos a luz das Sagradas Escrituras, o calendário criado pela Igreja Católica, bem como as doutrinas, costumes e concílios foram concebidos intencionalmente e/ou instintivamente (dependendo do período histórico) para afastar todo aquele que deseja servir ao Criador, Adonai Elohim, de todo o coração, de todo o entendimento com todas as suas forças. A Igreja onde sirvo a YHWH busca servir quanto mais possível ao calendário estabelecido por D’us na Torah que são as festas judaicas. Inclusive quero salientar que o Shabat e os Shabatot foram estabelecidos por D’us em caráter perpétuo em festas judaicas. A partir da criação da Igreja Católica pelo Imperador Constantino que estatizou a religião para dizer como deveria ser o Cristianismo, desde então houve perseguição e mortandade séculos afora, em prol da manutenção dos ditames da Igreja Católica. É somente lermos os livros de história.

    18 de outubro de 2016

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