Tazria e Metzorá – Levítico 12:1-15:33
Esta semana temos uma “porção dobrada” (Parashiot) da Torá para ler: Parashat Tazria (תזריע) e Metzorá (מצורע) – Levitico 12:1-15:33, ambas focam no conceito de ser ‘limpo’-Tahor (טָהוֹר) e a obtenção de purificação de um estado de ‘impureza’-Tamê (טָמֵא).
De particular importância é a cura e purificação do Metzorá (מצורע) (isto é, uma pessoa afligida pela Tzara’at), que é semelhante ao ritual realizado para a limpeza durante o grande dia da expiação (Yom Kipur).
Um antigo Midrash ensina que quando os israelitas ouviram pela primeira vez sobre a aflição “espiritual” de Tzara’at (צרעת), às vezes, ou sempre (erradamente) traduzida como ‘lepra’, eles se desesperam e ficaram com grande medo (note; a doença “espiritual” de Tzara’at acometia ate nas casas e nas roupas, Levitico 13:47, 14:34) . Moisés tranquilizou-os dizendo-lhes que a Tzara’at (צרעת) era um sinal de D-us (אלוהים) que eles eram uma nação escolhida (עם סגולה), e “esta era a sua maneira de incentivá-los” a fazer teshuvá (תשובה) para estar em comunhão com ELE. Da mesma forma às vezes D-us nos disciplina em relação aos nossos pecados (Hebreus 12:7-8) com a finalidade de conceder-nos o dom de teshuvá (תשובה) – arrependimento sincero (2º Coríntios 7:10). Devemos, portanto, esforçar-nos para tornar a nossa conversa e a intenção íntima de nossos corações “cativos à obediência do Messias,”… Bendito seja Ele – ברוך הוא(Mt 5:37;. Efésios 4:29, Colossenses 3:08, 2 Coríntios. 10:5; 1 Tm 4:2; etc.)
Um estudante (תלמיד) perguntou uma vez a seu Rebe (רבי): “Será que somos punidos por nossos pecados ainda neste mundo?” A resposta do rabino foi sucinta: “Só se tivermos sorte …” Na verdade, a correção de D-us é uma bênção, já que não há pior estado na vida do que ser intocável ou esquecido por D-us (Romanos 1:28). D-us sempre está nos ensinando através de nossos fracassos, está treinando-nos a perseverar, suportar, e a tornar-nos forte. Como está escrito: “Se você é deixado sem disciplina (מוּסָר), então você é filho ilegítimo” (Hebreus 12:8).
Os rabinos (e a bíblia) ensinam que a Tzara’at (צרעת) vem do pecado de lashon hará – לשון הרע(ou seja, maledicências ou o abuso de nossas palavras). O Messias, Bendito seja Ele – ברוך הוא, claramente nos advertiu: “Verdadeiramente, no Dia do Juízo cada pessoa vai dar conta (ἀποδίδωμι) de todas as palavras frívolas que saíram de suas bocas (ou seja, πᾶν ῥῆμα ἀργόν, todas as palavras ‘vazias’ ou ‘impensadas, destruidoras e maledicentes’), porque, por suas palavras serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado” (Mateus 12:36-37).
Isto evidentemente mostra que cada palavra que pronunciamos atinge até os lugares mais altos nas Esferas Celestiais e ecoa lá. Os nossos Sábios (חכמים) aludiram a isto, que; Hakadosh Baruch HÚ (o Santo, bendito seja Ele), “envia um anjo (מלאך) que registra cada palavra que nós pronunciamos acerca de outra pessoa em um livro celestial” (considere; Apocalipse 20:12).
Portanto o Rei David (דוד המלך) adverte claramente: “Quem deseja a vida (מִי הָאִישׁ הֶחָפֵץ חַיִּים) e quer muitos dias que trazem boas coisas Guarde sua língua de maledicências e mantenha os lábios longe de falsidade, afaste-se da maldade e faça o bem...;” (Salmo 34:13-14).
Na narrativa das Besorot – בשורות(Evangelhos) lemos como Yeshua (ישוע), Bendito seja o Seu Nome – ברוך שמו, curou vários “leprosos” e até mesmo tocou-os (por exemplo, Mat. 8:2-3, Marcos 1:40-41). Mas como Ele poderia fazer isso sem que Ele próprio se tornasse tamei (impuro)? Devemos lembrar que era a prerrogativa do S-nhor D-us de Israel (יהוה אלוהי ישראל) de ‘tocar’ os que sofrem com Tzara’at (צרעת) e curá-los com base em sua teshuvá (תשובה), e na medida Adonay Elohim (יהוה אלוהים) fez de Seu Enviado (המשיח), O Adon HaSelichot (אדון הסליחות), ou seja o Senhor do Perdão, assim Yeshua (Jesus) entrou na “colônia de leprosos” da humanidade para curar aqueles que gritavam por cura e purificação.
Vicktor Frankl (1905-1997 Áustria) sobrevivente do Holocausto, escreveu: “Nenhum homem deve julgar a não ser que ele se pergunte em honestidade absoluta, se em uma situação semelhante, ele não poderia ter feito o mesmo.” Há uma “sombra” ou lado mais sombrio para nós mesmos que normalmente mantemos escondido da vista, até de nós mesmos. O Messias ensinou que; “do coração procedem ‘os planos de maldade, os homicídios, os adultérios, bestialidades sexuais, furtos, falsidade, calúnias’, e estes são o que contaminam uma pessoa” (Mateus 15:19-20). Tanto a pessoa da qual se originam estas coisas e aquela que recebe e a própria sociedade.
Se nós recebêssemos um anel mágico que quando colocado no dedo ficássemos invisível, iríamos mudar o nosso comportamento?
Por que é difícil de entender nossos verdadeiros motivos, possuir os impulsos mais escuros que às vezes se levantam dentro de nós?
Cada um de nós pode agir como um faraó mesquinho, e – ouso dizer – mesmo maleficamente cruel às vezes, culpar os outros para justificar nossos próprios erros e desvios… no trabalho, em uma liderança religiosa, na escola, em casa e etc.
Quando buscamos a luz para confessar a verdade, nós nos tornamos mais conscientes do que realmente precisamos, e podemos pedir a D-us pela a cura; então podemos perdoar a nós mesmos e começar a “levantar” da lama.
Em uma alegoria rabínica acerca de uma conversa entre D-us e Moises; Moises pergunta a D-us por que ele fez o mundo com terremotos, animais peçonhentos, pessoas passando fome e sede e etc… ? D-us responde; ‘ Moises não é hora de ficar fazendo ‘teologia’ ou especulações do ‘por que’ destas coisas… mas é hora da ação, em vez de os ‘porquês’… em vez de; ‘por que há os que tem sede?’… leve água aos que tem sede, ajude aos infortunados, faça justiça aos injustiçados, tire os malfeitores das ruas… Espalhe o Reino dos Céus’
Em relação porque coisas ruins acontecem conosco, o desafio verdadeiro não é tentar explicar o porquê disto, ou tentar achar uma justificativa do ‘porquê’ aconteceu isto ou aquilo, ou ate mesmo tentar aceitar tais infortúnios. Mas o verdadeiro desafio é sobreviver a eles, e seguir em frente, escolher a vida. E a chave para isto é reconhecer que D-us está conosco, no nosso lado em todos os momentos bons e maus.
עָקב הַלֵּב מִכּל וְאָנֻשׁ הוּא מִי יֵדָעֶנּוּ
“Inconstante é o coração acima de todas as coisas e incuravelmente doente – Quem pode compreendê-lo?” (Jeremias 17:9)
– Mi yadeinu? (מִי יֵדָעֶנּוּ) – Quem pode conhecer (o coração de uma pessoa)?
Mas, por que o coração ‘é doente’? Talvez uma delas seja; ‘ao procurar desculpas para fugir da verdade de sua grande necessidade de cura’; ‘negando sua própria pobreza interior… ’
Nenhuma pessoa está salva, ou obterá redenção (גאולה), se não pelo atributo da graça (חסד). Mas, porem há um pecado que faz o atributo da graça (חסד) impossível, que é a desonestidade consigo mesmo; E há uma coisa que D-us exige incondicionalmente, é a honestidade.

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