Parashat Shelach: incredulidade
Nós andamos por Emuná (אמונה), isto é por fé, fidelidade, e não pelas supostas aparências. “Isto é verdade para todas as pessoas, uma vez que cada alma vive pela fé de algum tipo ou de outra”. Nossa porção de leitura publica da Torá desta semana (isto é Shelach Números 13:1–15:41) começa com o episódio dos “espiões” e conclui com a advertência de não ‘seguirmos as inclinações do nosso coração e dos nossos olhos.’ (Nm 15:39) Nota-se que na Torá menciona-se o coração primeiro e depois os olhos para indicar que os olhos seguem o coração… Nós vemos como nós acreditamos de acordo com o nosso coração:… assim ensinou o Messias, bendito sejas o seu Nome, ‘De acordo com sua Emuná (אמונה- fé) seja feito a vós’… Quando os observadores disseram; ‘Não podemos subir contra aquele povo (לא נוּכַל לַעֲלוֹת)… porque é mais forte do que nós’ (Números 13:31), eles revelaram sua relutância em acreditar na Promessa de D-us (אל), ou, dito de outra forma, eles revelaram sua fé na incapacidade de D-us para cumprir a sua palavra …. de fato ., a palavra hebraica para ‘do que nós’ (מִמֶּנּוּ) pode, portanto, significar “do que ELE”, sugerindo que os 10 observadores acreditavam que nem mesmo D-us (אל) seria capaz de arrancar os cananeus (כנענים). De acordo com sua fé (אמונה), foi feito, crendo que era impossível, todos os 10 espias perderam a possibilidade da Promessa de D-us, junto com o resto do povo que seguiram após eles…
A Emuná (אמונה- fé) vê possibilidades e se recusa a ceder às meras aparências de artificialidade. De fato, as aparências são muitas vezes uma prova de nossa coragem. Em última análise, a forma como vemos é uma escolha do coração. “De acordo com a sua fé seja feito a você” é um princípio claro que se aplica a todos nós. Mas entenda, de fato, não é que nós temos fé que importa (já que todas as pessoas tem fé), mas se a nossa fé é fundamentada na Promessa de D-us revelada Sua Torá e por Yeshua nosso Messias.
O que nós escolhemos acreditar é o que supostamente já acreditávamos – Os “olhos da carne”, ou seja, o Ayin HaRá (o “Olho mal”) foca-se neste sistema de mundo (חַיֵּי שָׁעָה) e suas possibilidades e é incapaz de discernir além de meras aparências. O ‘Olho mal’ (עין הרע) é facilmente seduzido por superficialidades e o brilho deste sistema de mundo e suas vaidades (עוֹלָם הַשֶּׁקֶר). Os olhos da fé (עין טובה), ou seja, Ayin Tová (o “Olho bom”) por outro lado, “não olha somente para as coisas que são vistas, segundo as meras aparências. Neste Olam haZê (sistema atual) ‘o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno’ (2 Coríntios 4:18). A Emuná – fé (אמונה) foca-se no reino por vir (חַיֵּי עוֹלָם): ‘pois andamos por fé em fidelidade, não pelas aparências’… como o Emissário Paulo nós ensinou; ‘Nós somos salvos pela esperança’(Romanos 8:24-25). ‘A fé (אמונה) é o fundamento (ὑπόστασις) das coisas que se esperam, a convicção (ἔλεγχος) das coisas (πρᾶγμα) se não vêem’ (Hebreus 11:1).
Em nossa porção da Torá (Números 13:1–15:41) desta semana, as pessoas tinham andado através do deserto de Paran, por vários dias, com seus acampamentos arrumados na precisão militar. A Arca da Aliança (ארון הברית), em seu meio e a glória da Shechinah (Presença Divina) enchia os céus do deserto. Agora, estavam em Kades Barnea (קָדֵשׁ בַּרְנֵעַ), cerca de 11 dias do Sinai, e cerca de três dias para a fronteira da terra prometida … A grande promessa de Zion (Sião), que, finalmente, estava ao seu alcance! Mas, então, um obscuro receio surgiu dentro do coração da maioria do povo… o medo … o velho sussurro do inimigo ouvido no vento do deserto: “D-us realmente disse …?” (Gn 3:1).
Entendamos e notemos o que D-us claramente mostra aqui na luz dos acontecimentos do grande êxodo do Egito, a desconfiança, incredulidade das pessoas demonstrou que milagres por mais extraordinários que sejam não são suficientes para sustentar a nossa fé (fidelidade). Neste contexto ‘Uma geração má e infiel sempre pedirá um sinal’. Ver não é crer, mas sim o contrário. Yeshua, Baruch Shemô, mostrou este ponto na parábola (משל) do homem sem nome rico e Eliazar (Lázaro) (Lucas 16:19-31). Mesmo se um encontro pessoal com alguém que literalmente ressuscitou dos mortos não seria suficiente para dar a verdadeira fé, pois nós temos a Torá, os profetas e as Escrituras… A fé vem por ouvir a palavra de D-us (Lucas 16:31). Esta parábola não tem nada a ver com; ‘como é o céu ou o inferno e etc.’…
O grande pecado que tão incitou D-us a declarar: ‘Eu jurei na minha ira: que eles não entrarão no meu descanso… ’ o que fica claro que; não foi o do Bezerro de Ouro, tão terrível quanto o que fizeram nas murmurações no deserto, mas sim o pecado da incredulidade… ‘Vemos, assim, que por causa da incredulidade não puderam entrar’ (Hebreus 3:7-4:2).
A fim de confiar em Deus, devemos acreditar que somos valiosos para Ele e Ele realmente deseja ter um relacionamento conosco. Devemos aceitar que D-us realmente nos redimiu e elevará a nossa alma (nosso ser)… Os 10 espias não puderam transcender sua mentalidade de escravo e, portanto, não foram capazes de superar a dor do seu passado; Eles continuaram a definir-se como vítimas… Depois de observarem a terra prometida, confessaram os seus sentimento de inadequação: ‘éramos aos nossos olhos como gafanhotos; e assim, por isto, éramos aos seus olhos’ (Números 13:33). Porque os espias viram a si próprios como fracos e insignificantes, assim eles foram vistos pelos outros’… Eles haviam esquecido o verdadeiro significado para a redenção deles – Eles haviam esquecido sua nova identidade como filhos do D-us Vivo (אלוהים חיים). A falta de autoestima deles Fê-los sentirem indignos da herança. O pecado dos espias não foi que não acreditavam que não derrotariam os “gigantes na terra”, mas sim que D-us realmente não estava com eles para derrotar os “gigantes na terra”… Infelizmente, a visão dos espias em si era o mais real para eles do que a visão deles sobre D-us.
Se nós pertencemos ao Messias, temos que ter cuidado para não deixar que o passado defina o nosso presente e futuro. Nós somos feitos ‘novas criaturas’ em Yeshua (ברוך הוא וברוך שמו) a cada dia…
Depois que o povo se rebelou por dar ouvidos ao relatório pessimista e a incredulidade dos 10 espias foram proibidos de entrar na Terra Prometida, Hashem (D-us) ordenou-lhes a usar os tzitzit (ציצית) ‘franjas’ que eram para serem colocadas sobre os ‘4 cantos’ das suas vestes, para fazê-los lembrar também do perigo da incredulidade. “Fala aos filhos de Israel, e dizer-lhes para fazer franjas (צִיצִת) nos cantos das suas vestes, por todas as suas gerações, e colocarão um fio azul na franja de cada canto e será para vocês olhem e lembrem-se de todos os mandamentos de Adonay, para orienta-los para não seguir após seu próprio coração (ולא תתורו) e seus próprios olhos (ואחרי עיניכם)… (Números 15:38-39).
Note que há jogo de palavras em hebraico usado nesta passagem, uma vez que o verbo traduzido para ‘não seguir’ (תּוּר), após seu próprio coração’ é o verbo hebraico le’Tur a mesma palavra usada anteriormente para “espiar” (Tur) a terra de Canaã (Nm 13:02). A palavra turismo que usamos hoje vem deste verbo hebraico le’Tur.

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