Parashá Chukat; ilógico aos nossos olhos
שׂמר מצותי וחיה ותורתי כאישׂון עיניך
Guarda as minhas Mitzvot (mandamentos) e vive; e a minha Torá, como a menina dos teus olhos. Provérbios 7:2
Nossa porção de leitura publica da Torá(Números 19:1-22:1) desta semana (חֻקַּת) começa assim; Zot Chukat haTorah (זאת חֻקַּת הַתּוֹרָה), “este é o decreto (estatuto) da Torá” (Nm 19:02). A linguagem aqui é ao mesmo tempo surpreendente e única, sugerindo que o que se segue é “o decreto seminal” de toda a Torá… Se pensarmos sobre o significado do decreto misterioso da Parah Adumah (novilha vermelha), no entanto, vamos perceber que as suas cinzas eram usadas para criar as ‘águas de separação’ (ie, Mei nidá: מֵי נִדָּה) para purificar as pessoas do contato com a morte (isto é, a separação). Para cumprir o decreto vital de D-us, no entanto, necessitaria do “amor sacrificial”, pois o Sacerdote que oferecia esse serviço seria contaminado (separado) por causa da cura de outros… Este decreto central da Torah está, pois, além da nossa capacidade de entender racionalmente…
Os Estatutos e decretos divinos na Torá, isto é os ‘Chukim’ (חֻקִּים), testam como desenvolvemos a nossa fé e a nossa fidelidade, uma vez que estes Mitzvot (mandamentos) em forma de decretos não são baseados em critérios racionais ou lógicos.
Em contraste, a Mitzvá (mandamento) que não devemos roubar, por exemplo, faz um sentido lógico, pois se ninguém a observasse, a própria convivência social seria impossível. Portanto, este mandamento (מצוה), como muitos outros, não testam como compreendemos a nossa fé ou fidelidade, tanto quanto testa a nossa obediência. Os decretos ou estatutos divinos, ou seja, os mandamentos em forma de Chukim, no entanto, exigem de nós bitachon – ou seja, confiar em D-us, abandonar a nossa necessidade de compreender para obedecer para que possamos agarrar-nos completamente na sabedoria na Torá. (Provérbios 3:5)
Bitachon (בִּטָחוֹן) exige renunciar a confiança em nós mesmos, sobre a capacidade do nosso ego para compreender a realidade e, em vez confiar em Adonay de todo coração (be’chol levavechá). Qualquer outra suposta fonte de segurança do que da parte de Adonay Elohim (S-nhor D-us) Todo-Poderoso é pura loucura.
A Septuaginta (tradução do AT em grego) nunca traduz a palavra hebraica batach (בָּטָח), com a idéia de ‘acreditar em’, mas sim como “esperar em” ou ser persuadido (πείθω) que só D-us é a nossa verdadeira segurança e ajuda e etc…
Exercitar a Bitachon (בִּטָחוֹן), confiança em D-us, NÃO implica que devemos abandonar a razão ou a busca da sabedoria, conhecimento, ações e assim por diante, é claro, mas exige que tenhamos em mente que todo o pensamento deve ser condicionado à verdade de que D-us é o poder soberano que ordena, sustenta e define toda a substância e a realidade em todos os mundos possíveis… Continuemos a definir nossos planos e objetivos, mas nós adicionamos o pensamento: Im yirtzeh Hashem, ou seja, ‘Se D-us quiser’… isso pode vir a acontecer. (Tiago 4:15). Temos que manter o equilíbrio entre a fé “por fé” e a fé racionalizada: Nós confiamos em D-us, mesmo quando isso não faz sentido, e nós confiamos em D-us, mesmo quando isso faz sentido…
O paradoxo do sacrifício da novilha vermelha (פרה אדומה) é precisamente isso: purifica os contaminados pelo contato com a morte, porem ainda contamina todos aqueles que estavam ligados de alguma forma com a sua preparação… E se foi um sacrifício prescrito, que era oferecido “fora do acampamento”, isto é, em um altar que não fazia parte do Templo…
Os Mandamentos (Mitzvot), que desafiam a razão são chamados de ‘Chuk’ (חק) {Lê-se rruk}. Os sábios da antiguidade tendem a se concentrar na Novilha Vermelha (פרה אדומה) como a “mãe de todas” as Mitzvot (mandamentos) misteriosas e sem lógica nenhuma, mas certamente devemos voltar à Akeidah – isto é, o sacrifício de Isaac, ao lado de seu pai Abraham – como o maior dos os “decretos” de D-us que desafiam a razão e lógica humana. A disposição de Abraão e Isaque para obedecer – apesar de sua incapacidade de entender tal mandamento- foi um resultado direto de sua fé inabalável no amor e nas promessas de D-us. Portanto, o sacrifício do carneiro preso no arbusto representa as “cinzas de Isaque”, que predizia e era o próprio sacrifício do grande Cordeiro de D-us que ainda viria… (Hebreus 9:11-14)
Foi dito pelos sábios (החכמים) que não fomos punidos pelo pecado de Adam (האדם הראשון), mas pelo que veio através dele, o que significa dizer que o ato de pecar em si é sofrer separação, perda, e de certo a própria morte… O Rei David (דוד המלך) entendeu isso; ele tornou-se impuro por meio de seu contato com a morte que veio pelo pecado, e, portanto, ele usou a imagem de ser aspergido com as águas da novilha vermelha em seu apelo a Adonay: ‘Purifica-me com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e mais branco do que a neve serei’. (Salmo 51:7)
Sempre que considerava o simbolismo e a relevância da novilha vermelha.
É importante esclarecer… É demasiado simplista e errôneo os teólogos cristãos e os cristãos ao considerar a Torah (תּוֹרָה), utilizando o termo geral “lei” e entre leis morais e cerimoniais. Os escritos de Moisés incluem uma ampla gama de materiais, incluindo a história sagrada, poesia, canções, profecias, as tradições, os rituais, mandamentos e alianças.
Em geral, os antigos sábios judeus extraíram da Torá em Agadot (histórias, parábolas…) e Halachah (lei judaica, Takanot, Gezeirot, Minhagim)… Porém também viam que a Torá é subdividida em mandamentos que são; Chukim (חֻקִּים), isto é, “decretos divinos” dados sem motivo especificado, ilógicos e irracionais aos nossos olhos, e Mishpatim (מִשְׁפָּטִים), ou “juízos” dadas por um motivo claramente especificado, racionais, contidos da verdade moral (Ex: não roubar, assassinar, cobiçar e etc.). Além disso, na Torá D-us inclui as Eidot (עֵדוֹת), ou seja, os ‘testemunhos’ (da raiz da palavra, Ed, ‘testemunha’) que são o Shabat, a Pessach (páscoa), e os outros festas do calendário judaico e bíblico, (ie, o Mo’edim [מוֹעֲדִים] Levítico 23)… a Mezuzá nas portas (Deuteronômio 6:4-9 e 11:13-21), os Tefilim (Deuteronômio 6:9, e 11:20-21, Êxodo 13:16, e 13:9-10) os Tzitzit (Números 15:38-41, Deuteronômio 22:12), Tocar o Shofar (Levítico 23:24) , Lua Nova (Isaias 66:23 e etc) e etc.
Na Parashá Chukat (Números 19:1-22:1), também podemos nos perguntar; Como falar para a rocha ensinou o povo judeu a usar suas habilidades “espirituais” para atingir as metas físicas? Qual era a diferença entre bater e falar para a rocha, em termos de envolvimento no nível físico em relação ao nível da alma (נשמה)?
Como o milagre de falar para a rocha ajudou a trazer as pessoas para um nível superior de santidade? Como é que este conceito relacionado ao de Kidush Hashem (santificar o nome de Deus)? Como isso pode ser comparar a nós em aprender a falar para ‘A Rocha’? Veja o livro de Hebreus, onde esta idéia é mencionada várias vezes.
A Torá mostra que quando Miriam (מרים) morreu, o poço de água secou. Miriam ‘era o que é conhecido como um Tzadik (צדיק)’, uma pessoa justa através do qual outros são abençoados. Por que isto pode beneficiar-nos ao procurar a tais Tzadikim/justos (צדיקים) e associar-se com eles?
Compare isto com a da semana Parashá passada, onde os que se associaram com Korach.
O Talmud, assim, ensina: “A água era no mérito de Miriam, o maná no mérito de Moisés e as Nuvens da Glória estavam no mérito de Aaron. Portanto, quando a água parou com a morte de Miriam, mais tarde retornou no mérito de Moisés e Aarão. Quando Arão morreu, as nuvens da Gloria saíram e voltaram no mérito de Moisés. E quando Moisés morreu, todos eles se foram”.
Agora considere este conceito:
O povo no deserto reclamou do maná e da água. Nos Evangelhos (הבשורות) e nas Cartas dos Emissários (המכתבים שליחים), O Messias é comparado ao maná e a água. D-us enviou “serpentes ardentes” para afligir as pessoas. Ele, então, deu a Moisés as curiosas instruções de colocar uma “serpente” em uma vara para que as pessoas olhassem para a fim de escapar da punição. Yeshua (Baruch Shemô) compara-se diretamente a esta ação de Moisés levantando a Serpente no deserto (João 3:14). Quando D-us dá a Moisés esta instrução em números 21:8, o termo encontrado no texto hebraico (traduzido como “serpente”) é Saraf (שׁרף), que significa arder em chamas, como um metal na brilha na fornalha ou um tipo de anjo (Isaías 6:2). Moisés faz uma representação física da Saraf (שׁרף) sob a forma de uma serpente cobre ou bronze (נחש נחושת)… A palavra hebraica Serafim (שׁרפים) pode significar: “serpentes reluzentes” ou “áspide reluzente voadora” enquanto que também pode ser ‘seres reluzentes exaltados’.
A palavra para a serpente (Nachash) é escrita נחש. A palavra para o cobre vem da mesma raiz de três letras e é escrita נחשׂת (números 21:9). Em estudos na cabalá um ponto importante é feito na gematria (valor numérico) da palavra Mashiach (Messias – משיח) e Nachash (serpente – נחש) são ambos 358.
Quando as palavras têm o mesmo valor numérico estão relacionadas no essencial, mesmo se diametralmente opostas superficialmente. Neste sentido, o Yetzer hará (má inclinação, obras da carne), que veio com a queda de Adão (האדם הראשון), ligada à serpente será transformada pelo Messias (אדם השניה) em força que faz o bem para reino de D-us.
וַיִּתְפֹּשׂ אֶת־הַתַּנִּין אֶת־הַנָּחָשׁ הַקַּדְמֹנִי הוּא הַשָּׁטָן הַשּׂוֹטֵן
Ele prendeu o Tanin (leviatã , monstro, dragão etc.), a antiga Nachash, que é HaSatan (o Opositor, – o ‘Satanás’) HaShoten (aquele que destrói ou que se opõe – diablos que provoca queda), e o amarrou por mil anos…
Apocalipse 20:2

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