17 de Tamuz – Três semanas de tristeza

17 de Tamuz – Três semanas de tristeza

Uma pergunta pode ser feita; por que a Torá (תורה) foi escrita sem vogais, sinais de pontuação, e assim por diante? (e é assim ate os dias de hoje, nos rolos de Torá que lemos nas sinagogas que são copias de copias fieis há milhares de anos)

A falta de vogais implica que devemos “trazer fôlego de vida”, inspiração (ie, Ruach, espírito, Sopro Divino) para a nossa leitura das palavras, a falta de pontuação significa que devemos ser humildes e depender dos outros e da tradição para nos ajudar a ler com compreensão. Em outras palavras, devemos trazer os “sopros” de nossa alma para o texto e ter a mente aberta para receber compreensão.

Nós precisamos do poder da Ruach HaKodesh (Espírito Santo) de D-us para lermos corretamente, e o Sopro Sagrado (רוח הקודש) que revela a Palavra de Vida e a glória do Messias (João 6:63).
Note; pelo fato da Torá ser eterna, a falta de vogais e pontuação sugere um infinito significado nas palavras, frases e textos e assim por diante, o que pode ser uma coisa aqui nesta Era presente, no mundo vindouro poderá ser completamente diferente no mesmo texto ou palavra e etc.

O valor numérico da palavra ‘luzes’ em hebraico, Orot (ie, אורות) é 613, o mesmo valo número dos mandamentos (Mitzvot) enumerados na Torá escrita. O Messias é a luz interior e o sentido de tudo o que a Torá escrita diz que, na verdade, Ele é o objetivo (ou seja; telos, τέλος, ‘propósito ou a razão, fundamento’) de tudo o que a Torá ensina e os meios de obtenção de justiça para todos os que confiam Nele (Romanos 10:4).

A obediência a D-us é a sua própria recompensa, uma vez que para nós é dado mais luz (אור) à medida que obedecermos: ‘Se sabeis estas coisas, felizes serão se as praticares’ (João 13:17).

Considere, curiosamente, a palavra hebraica para ‘escuridão, trevas’ (ie, choshech: חשֶׁךְ) usa a mesma raiz para formar tanto o verbo ‘encolher’ (ie, kachash: כָּחַשׁ) e o verbo ‘esquecer’ (ie, shachach: שָׁכַח) Na verdade Yeshua advertiu-nos: “Nem todo aquele que me diz ‘Adon, Adon’, entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos céus… (Mateus 7:21-23). É por isso que dizemos: ‘Bendito és Tu, Adonay, nosso D-us … que nos santifica com os seus mandamentos …’

A entrega dos mandamentos (Mitzvot) é um dom que nos permite andar na justiça e na verdade moral na vida que nos circunda (1 João 2:29). Nós “não temos” que praticá-los? Porem, felizes nós seremos ao praticarmos! ‘Porque o mandamento é lâmpada, e a Torá é luz (Ohr)… (Provérbios 6:23). Afinal de contas, a verdadeira liberdade não significa fazer “o que quiser”, mas sim significa ter o poder de escolha contrária às exigências deste sistema de mundo decaído e sem Torá. (Efésios 4:22-24). A obediência à Torá em Yeshua o Messias leva a outra revelação, assim como a desobediência a Torá conduz a uma maior escuridão (Mateus 13:12). Yeshua é apenas o ‘Autor da salvação eterna’ para aqueles que acatam e obedecem os mandamentos de D-us (Hebreus 5:9).

Agora note que; Uma grande revelação da Torá no Sinai é focada na entrega da Mizbeach (o altar) para Israel. No entanto – como nossa porção da Torá desta semana deixa claro – o sacrifício central sobre este altar era o sacrifício perpetuo – diário (isto é, korban tamid: קָרְבַּן תָּמִיד) de um cordeiro sem defeitos com pão sem fermento (ie; Matzá) e o vinho.
E o próprio D-us chama isso de ‘O Meu sacrifício, o meu pão…’ (Ver Números 28:1-8). Em outras palavras, o serviço e o oficio do Mishkan (ie, do Tabernáculo) ou do Templo prenunciavam constantemente o Cordeiro de D-us que vinha e que foi sacrificado antes da fundação dos tempos, que seria oferecido sobre o altar ‘pelo próprio D-us’ para assegurar nossa redenção eterna (Heb. 9:11-12).

O sacrifício do Cordeiro representa “o desejo D-us”, um aroma agradável. Na verdade, a obediência de Yeshua até a morte na cruz representa o desejo de D-us para a expiação. Já que restaurou o que estava perdido por causa da queda, ou seja, a comunhão com os seres humanos. (Salmo 85:10).

Muitos de nós em alguns momentos longos ou não passamos por sofrimento e às vezes nos sentimos sozinhos em nossa caminhada pela vida… Este mundo parece tão sem sentido, tão brutal, violento, sarcástico, cruel e tão mal, às vezes, nos sentimos impotentes, oprimidos, e até doente por dentro … Nós olhamos para Ti, ó D-us, e por sua misericórdia e poder. Ajude-nos a aceitar o que não podemos mudar e confiar totalmente em sua grande cura, apesar da doença deste sistema de mundo que nos rodeia. Lembrar-nos que embora não possamos mudar o mundo, é nos dada a graça de manter nossa confiança em Ti, nosso Criador glorioso e misericordioso. E que não caiamos em vergonha, ou na amargura, que nas nossas tristezas e angustias possamos seguir de força em força. E que este tempo de provação nos leve a uma maior sabedoria, e bondade.

O Chofetz Chaim (1838-1933 Lituania) disse uma vez: “Com fé não há perguntas, sem fé, não há respostas”, o que quer dizer que confiar no amor de D-us, finalmente, dá descanso às nossas perguntas incessantes, enquanto que nenhuma quantidade de respostas nunca será suficiente a almas que se recusa a confiar em D-us. Ter fé não significa fingir que temos todas as respostas possíveis, ou que tudo se justifica, é claro, mas a emuná (fé) afirma que mesmo na ausência de entendimento e compreensão nos momentos escuros da nossa vida, em meio à tristeza ou dor que a esperança é real, o confiar em D-us é o que mais importa, e que D-us nunca, jamais nos faltará …

Nota: Hoje é o dia 17 de Tamuz – uma data que marca o início das “Três Semanas de tristeza” (26.jun á 16.jul 2013) que levaram ao trágico dia de Tishá B’Av.(70 DC) a destruição do segundo Templo e a grande diáspora judaica.

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