Parashat Devarim & Tishá B'Av
A primeira parte do livro de Deuteronômio, a Parashat Devarim (Deut. 1:1-3:22), é lida a cada ano durante as três semanas de tristeza no sábado imediatamente antes da data triste de Tishá B’Av. Na tradição judaica, este sábado é chamado de Shabat Chazon (שַׁבַּת חַזוֹן), ‘o sábado da Visão ou revelação’, uma vez que a Haftarah (porção dos profetas) que é lida (ou seja, Isaias 1:1-25) trata da revelação do profeta Isaías (הנביא ישעיהו) sobre a iminente destruição do Templo (בית המקדש). Na tradição judaica e litúrgica, a Teshuvá (arrependimento) e confissão são os temas e nas liturgias deste sábado (13/07/13).
Durante esta temporada solene revemos nossas vidas e pedimos a D-us para nos ajudar a voltar para ELE. Cantamos o Hashiveinu:… הֲשִׁיבֵנוּ יְהוָה אֵלֶיךָ וְנָשׁוּבָה חַדֵּשׁ יָמֵינוּ כְּקֶדֶם… Hashiveinu Adonay eleichá ve’nashuvá chadesh iameinu ke’kedem (‘Faze-nos voltar pra ti, Adonay, para que voltemos; renova os nossos dias como os de antigamente’) (Lamentações 5:21).
Observe que o nome hebraico para o livro de Lamentações é Eichá (אֵיכָה), que também pode ser lido como ‘a onde está você?’ (Ie; aiecá: אַיֶּכָּה), a primeira a palavra da Voz de D-us (קול יהוה) que andava pelo jardim a Adão depois que ele quebrou a aliança no jardim do Éden (גן עדן) (Gênesis 3:9)… A palavra hebraica hashiveinu (הֲשִׁיבֵנוּ) vem da raiz shuv (שׁוּב), ‘retornar, virar’, a partir do qual a palavra Teshuvá (arrependimento) é também derivada.
No início da porção da Torá (Devarim), Moisés dá palavras de Musar (admoestação ou correção) sobre o pecado dos espias. Foi esse pecado de incredulidade, que levou o decreto de D-us, que a geração que deixou o Egito não entraria na Terra Prometida. Considere que no “Novo Testamento” (ברית חדשה) este episódio da incredulidade é chamado de ‘provocação’ ou ‘rebelião’ (παραπικρασμος), que é um “pecado imperdoável” (Hebreus 3:15 – 4:1) – muito pior do que o pecado do Bezerro de Ouro.
De acordo com os sábios no Talmud, por causa da incredulidade de Israel, Hashem (D-us) decretou que esta data (9º de Av) seria um dia luto continuo, prevendo o momento em que as pessoas iriam sofrer com o Templo que seria destruído no meio deles.
No Midrash Pesikta Rabati (פסיקתא רבתי) ensina que Moisés começou seu último livro com a frase Elê haDevarim (estas são as palavras), pois a Torá é comparada a uma abelha {Devorá (דְּבוֹרָה)}, cujo mel é doce, mas cuja picada é dolorosa {a palavra Devarim (דְּבָרִים) tem a mesma raiz da palavra para abelhas – Devorim (דְבוֹרִים)}. As palavras da Torá dão alegria e doçura para aqueles que as acatam (Salmo 19:10), mas elas são dolorosas para aqueles que não as cumprem.(Hebreus 10:31) E como Yeshua O Messias advertiu seus seguidores (חסידים); ‘a quem tem, mais será dado, mas a quem não tem, até o que tiver lhe será tirado’ (Lucas 19:26).
Porem a mensagem da Parashá Devarim não é sem conforto, no entanto, uma vez que também inclui a lembrança das batalhas vitoriosas contra os amorreus… Devido a isso, os sábios (החכמים) absorviam prevendo o futuro Templo que será construído pelo Messias (המשיח) durante esta época do ano. De fato, segundo a tradição judaica, depois que o Messias vier para restaurar Israel, o trágico dia de Tishá B’Av vai se tornar um dos dias mais felizes do ano … Como está previsto por D-us: ‘Assim diz Adonay Tzevaot: O jejum do quarto mês (17 de Tamuz) e o jejum do quinto (ie, Tishá B’Av) e o jejum do sétimo (Yom Kipur) e o jejum do décimo (10 de Tevet) serão para a casa de Judá tempos de júbilo e alegria e festas alegres. Portanto amem a paz e a verdade – וְהָאֱמֶת וְהַשָּׁלוֹם אֱהָבוּ ‘ (Zacarias 8:19).
Tishá B’Av (9º de Av) começa segunda-feira, 15 de julho (ao entardecer) até após o pôr do sol no dia seguinte …
O mês bíblico de Av é tradicionalmente considerado como o mais trágico no calendário judaico. No primeiro dia deste mês, Aaron (o primeiro Sumo Sacerdote de Israel) morreu (Números 33:38), o que foi considerado como um presságio profético da futuro destruição de ambos os Templos no nono dia de Av.
O Mês de Av, começa dentro das ‘Três Semanas de Tristeza’. Durante os últimos nove dias de essas três semanas – começando com a lua nova, isto é Rosh Chodesh Av (ie, 1º de Av) e termina em Tishá B’Av (ie, 9º de Av) – os judeus observantes começam a preparar emocionalmente para o jejum do quinto mês, isto é 9 de Av. É comum a confessar os pecados em nossas vidas que contribuem para a falta da presença de D-us em nosso meio. Normalmente os casamentos não são realizados durante este tempo, e muitos judeus deliberadamente abster-se ostensivamente de atividades prazerosas, como ouvir música, dançar, tirar férias, e às vezes até mesmo fazer a barba. Na verdade, a maioria dos judeus ortodoxos vai abster-se de qualquer atividade que possa exigir prazerosa.
Este evento foi considerado profético de outras tragédias da história judaica (baseada no princípio bíblico e judaico: מַעֲשֵׂה אֲבוֹת סִימָן לַבָּנִים / ma’aseh Avot Siman labanim: ‘As atitudes dos pais são exemplos para os filhos’), e de fato precisamente sobre esta data tanto os Templos foram destruídos e o povo judeu sofreu o exílio.
Os 40 anos antes da destruição do (2°) Templo… as portas do Templo costumavam abrir sozinhas durante a noite, por isto que o Rabi Yochanan ben Zakai avisava-os dizendo: “Santuário, Santuário! Por que Tu nós aterroriza? Eu sei bem que já és chegado o teu fim e deves ser destruído, porque Zacharias ben Ido (filho de Ido) profetizou contra ti há muito tempo atrás; Abre, ó Líbano, as tuas portas para que o fogo devore os teus cedros. (Talmud. Yoma 39b – Zacarias 11:1).
Antes da destruição do segundo Templo havia uma evidência da discórdia flagrante que conduziria ao exílio.
Qual era a razão para a destruição do segundo templo em 70 D/C e os 2000 de exílio subseqüente? Qual o pivô desta história que causou uma grande divisão no povo de Israel na época, alterando irrevogavelmente o destino do povo judeu e conduzindo finalmente à destruição do segundo templo?
A resposta é a crucificação de Yeshua HaNotzri HaMashiach – ישוע הנוצרי המשיח (Jesus de Nazaré o Messias) aproximadamente no ano 30 D/C que coincide com o tempo em que as portas do Templo (בית המקדש) começaram aparentemente a abrir sozinhas como descrito no Talmud.
Zacarias indica a destruição do Templo com a rejeição do Pastor enviado por D-us. Na mesma passagem alude a traição do Messias por 30 moedas de prata. Esta passagem é tida como uma passagem Messiânica pelo Rabino David Kimchi (1160-1235)
Em Tisha B’Av, (ente ano – 16/07/13) nono dia do mês hebraico de (Menachem) Av. ocorreram a destruição do primeiro templo construído por Salomão e o segundo templo construído por Esdras e Neemias e reformado por Herodes o Grande.
Os dois fatos ocorreram no mesmo mês e na mesma data, ou seja, o dia nove do mês de Av, a diferença é que o primeiro ocorreu 556 anos antes da segunda tragédia. Jejuamos e choramos a destruição do Templo Sagrado de Jerusalém. O Segundo Templo foi destruído 490 anos após o primeiro, que também caiu por terra nessa mesma data sinistra.
A destruição do Segundo Templo foi obra do Império Romano, que primeiro ocupou a Terra de Israel.
Desde, praticamente, do início da Era Comum, a Judéia (Israel) foi governada por procuradores romanos que cobravam um imposto anual em nome do Império. No início da Era Comum ou D/C, um grupo de rebeldes judeus decidiu enfrentar Roma. Ficaram conhecidos como os zelotas, os Canaim. Os zelotes acreditavam que todos os seus meios, inclusive a violência, se justificavam por terem como objetivo primordial a expulsão dos romanos de Israel.
Nossos sábios nos dizem que não foi à superioridade militar dos romanos que fez com que o povo judeu fosse vencido. Pelo contrário, o Templo Sagrado foi destruído e os judeus exilados da Terra de Israel em virtude de terem praticado entre si o ódio gratuito – Sinat Chinam – שנאה חינם (Talmud Tratado Yomá, 9b).
No Tratado Gittin, o Talmud narra uma história que simboliza o ódio existente entre os judeus da época e que levou à destruição de Jerusalém e do seu Segundo Templo. No ano 70 de nossa era, os romanos finalmente romperam as muralhas de Jerusalém.
Em Tisha B’Av (9º de Av) daquele ano, o Segundo Templo Sagrado foi destruído.
Calcula-se que mais de um milhão de judeus morreram na Grande Revolta contra Roma. O povo judeu foi exilado de sua terra natal, e assim começou a chamada Grande Diáspora, que dura até os dias de hoje.
Considere; No Talmud os sábios nos ensinam que o primeiro Templo Sagrado de Jerusalém foi destruído por causa dos atos de idolatria, homicídios e imoralidade, comuns entre os judeus na época.
“Muitas nações passarão por esta cidade, e uma pessoa perguntará à outra: ‘Que razão levou o Eterno a agir assim para com esta grande cidade? ‘ E responderão: ‘Foi porque se esqueceram da aliança do Eterno, seu D-us, e se prostraram perante deuses estranhos e os adoraram’ Jeremias 22:8-9:
Durante a época do Segundo Templo, os judeus estudavam a Torá e respeitavam suas leis, além de praticar atos de caridade. Todavia, eles se odiavam. (muitas divergências)
Nossos sábios rabinos da antiguidade equiparam o ódio infundado ou gratuito (שנאה חינם) com os pecados da idolatria, bestialidade sexual e homicídio.
Um Midrash (antigo comentário rabínico) lança mão da linguagem figurativa para relatar o seguinte conto e a lição óbvia a ser tirada: “Na noite de Tishá B’Av – (9 de Av: a data que marca a destruição dos dois Templos Sagrados), a alma de nosso patriarca Avraham adentrou o “Santíssimo” – o lugar mais sagrado do Templo em que apenas o Sumo Sacerdote podia entrar em Yom Kipur. O Todo-Poderoso, Bendito Seja, segurou a mão de Avraham e o fez caminhar com Ele. D-us perguntou, O que te traz, filho amado, à Minha Casa?” (Jeremias 11:15). Avraham respondeu: Meu D-us, onde estão meus filhos? D-us disse, Eles pecaram, portanto os exilei entre as nações. Avraham argumentou, Mas não havia nenhum virtuoso entre eles?
D-us explicou: …Cada um se regozijou com a ruína do outro (Midrash Eicha Raba 1:21)
A história de Kamtza e Bar Kamtza é outra parábola simbólica desse ódio infundado ou gratuito (שנאה חינם) e de como as pessoas respeitavam “a letra” da Torá, mas desonravam seu “espírito”. (Talmud; Gitin 56ª)
No Talmud os Sábios também ensinam que a tolerância e a compaixão quando mal orientadas, levam a destruição.
Nossos sábios ensinam que, como os judeus foram exilados de sua Terra natal por causa do ódio gratuito (שנאה חינם), a Galut (Diáspora) se encerrará quando eles praticarem o amor com verdade. ‘O Primeiro Templo foi destruído porque o povo menosprezou a Torá. O Segundo Templo foi destruído porque os judeus se desprezaram’. Dizem os nossos Sábios. (Talmud)
Lembre se o Messias Yeshua (Jesus) o maior judeu de todos foi desprezado. Como está escrito: e não deixarão pedra sobre pedra sobre ti, pois não recebestes o tempo da sua visitação (Lucas 19:44-45)
‘O Terceiro Templo será reerguido quando os judeus aprenderem a seguir a Torá, realizando atos de amor e bondade entre si’, segundo os nossos Sábios. Há uma tradição segundo a qual o Messias, que será o construtor do Terceiro Templo (isto não significa que o Templo não estará construído quando Ele chegar)
O Templo Sagrado não beneficiava somente aos Filhos de Israel, ou os judeus. Quando o Rei Salomão edificou o Templo, solicitou a D-us que também desse atenção à oração dos não-israelitas que iam ao Templo: ‘Também ao estrangeiro, que não for do Teu povo Israel mas vier de terras remotas por amor do Teu Nome – porque (os povos) ouvirão sobre o Teu grande Nome e sobre a Tua forte mão e o Teu braço estendido -, e vierem rezar voltado para esta casa – ouve, pois, Tu nos céus,… e faz conforme tudo o que o estrangeiro clamar a Ti, …’ (1º Reis 8:41-43).
O profeta Isaías refere-se ao Templo como uma: Casa para todos os povos: ‘Eu os conduzirei (os gentios) a Meu santo monte e os alegrarei na Minha casa de oração. Suas ofertas de elevação e os seus sacrifícios serão aceitos com agrado no Meu altar, porque a Minha casa será chamada de Casa de Oração para todos os povos (Isaias 56:7).
Segundo a Mishná (Talmud), Taanit 4:6, existem 5 eventos que determinam o jejum em 9 de Av.
Neste dia Moisés teria pedido aos espias para informarem ao povo sobre a Terra de Canaã, onde a maioria trouxe más notícias dizendo que não poderiam entrar na Terra Santa, onde os Filhos de Israel choraram e temeram entrar na Terra
Este dia, “Tishá Be’Av – 9 de Av” continuou a marcar a seqüência da história judaica ate os dias de hoje:
* Em 587 A/C, os Babilônios destruíram o primeiro Templo em Jerusalém.
* Em 70 D/C, o segundo Templo em Jerusalém foi destruído por Roma;
* Em 132 D/C, Betar, a última fortaleza a resistir aos romanos durante a Revolta de Bar Kochbá, foi vencida, selando o destino do Povo Judeu; a revolta do falso Messias Kochba indicado pelo Rabi Akiva começa e termina com Jerusalém completamente destruída e milhares de Judeus mortos pela espada romana e também começa a grande cisma entre os Judeus crentes em Yeshua e os Judeus não crentes e também começa a separação dos gentios crentes (cristãos) dos judeus crentes por causa da perquisição romana aos judeus.
* Em 1095 D/C, Urbano II convocou as Cruzadas milhares judeus foram massacrados.
* Em 1242 D/C, Queima dos Talmudes
* Em 1290 D/C, A Grã Bretanha foi o primeiro pais a expulsar os judeus de seu império;
* Em 1492 D/C, A Espanha expulsou todos os Judeus. Os Judeus foram expulsos da Espanha em 2 de agosto de 1492.
A maioria fugiu para as terras de Portugal que mais tarde acabariam mortos na fogueira da inquisição e milhares conversos a força ao cristianismo, a inquisição portuguesa duraria quase 400 anos, uma grande destruição para o povo Judeu.
No dia seguinte da expulsão da Espanha em 2 de agosto de 1492, Um homem cripto judeu chamado Cristovão Colombo saiu da Espanha “para as Américas”. Colombo menciona o “êxodo” da Espanha em seu diário, e conecta-o com “Tisha Be’Av.” (9 do mês de Av)
* Em 1914 D/C , A primeira guerra mundial começou. E os problemas não resolvidos da primeira guerra culminaram com a segunda guerra mundial, levando extrema perseguição aos judeus, o que conhecemos pelo holocausto. Um anti-semitismo que fora enraizado tão bem pela inquisição, que frutificou tanto no mundo cristão católico como no mundo cristão protestante europeu.
No ano de 1942 teve início no Campo de extermínio de Treblinka as primeiras mortes dos judeus sob a determinação de Adof Hitler.
O início das deportações dos judeus do Gueto de Varsóvia.
* Em 1990 D/C, a primeira guerra do golfo (tempestade do deserto) começou, La no Iraque (babilônia) trazendo conseqüências que sabemos ate os dias de hoje.
Em 18 de Julho de 1994 foram mortos 86 judeus e mais de 120 ficaram feridos em um atentado terrorista contra a associação israelita na Argentina. E ainda não sabemos o que está a mais por vir.
A prece para a reconstrução do Templo e o fim da Diáspora judaica é dita todos os dias pelos judeus do mundo inteiro. Três vezes ao dia rezamos o Shemone Esré (ou seja a Oração Amidá) com a seguinte meditação:
Que seja Tua Vontade, Adonay nosso D-us e D-us de nossos antepassados, que o Templo Sagrado seja reconstruído, rapidamente, em nossos dias. Outorga-nos nossa herança na tua Torá, e que possamos servir a Ti com reverência, como nos dias de outrora e nos anos passados

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