Eikev (עֵקֶב) “e será quando o seu calcanhar"
A palavra hebraica Eikev (עֵקֶב) é muitas vezes traduzida como “porque”, embora literalmente signifique ‘calcanhar’, e, portanto, lembra a Jacó (יעקב), “aquele que agarrou o calcanhar” que lutou com a dor do seu passado para aprender a ter o atributo Israel (יִשְׂרָאֵל), o “príncipe de D-us” (Gênesis 32:28) … Como Ya’akov (Jacó), devemos lutar para acreditar que a aliança de chesed (graça) e aceitação de D-us é para nós, também…
O Sassover Rabbe lê o verso de abertura da nossa porção da Torá (isto é Eikev Deuteronômio 7:12 – 11:25); “E será, porque você escuta…” (וְהָיָה עֵקֶב תִּשְׁמְעוּן) como; “e será quando o seu calcanhar estiver pronto para dar um passo, você vai ouvir…”.
Este é o passo da fé. Quanto ao versículo relacionado; ‘Porque (Eikev) Abraão ouviu a minha voz’ (עֵקֶב אֲשֶׁר שָׁמַע אַבְרָהָם בְּקלִי), os nossos sábios liam e entendiam; ‘Abraão ouviu a palavra até o calcanhar’. Ele ouviu a Palavra da Fé…
Da nossa porção da Torá, lemos: ‘Não digas no teu coração… é por causa da minha justiça que Adonay tem me trazido’ (Deuteronômio 9:4). Nem mesmo em seu coração (בִּלְבָבְךָ) onde o pretexto de humildade não é necessário… Internalizemos que nós obtemos a nossa herança pela bênção de D-us somente. Para internalizar isso, devemos esmagar o nosso orgulho.
Divisibilidade interior, uma alma dividida, vem de estarmos indeciso sobre quem realmente somos: Nós tanto vemos e ainda não vemos os nossos verdadeiros motivos.
Por exemplo, podemos suspeitar que somos orgulhosos ou egoístas, mas empurrarmos essa consciência para fora da mente em um ato de vontade de enganar a nós mesmos. Isso cria uma “alma dividida”, uma vez que ambas querem ser humilde e orgulhosa ao mesmo tempo.
A fonte do nosso problema, então, é a vontade, que serve como um ‘guardião’ do que devemos admitir a nós mesmos, e a cura vem quando somos honestos diante de D-us e pedimos a Ele para sermos libertos da doença de nossa ambiguidade.
Grande parte da caminhada da fé (אמונה) envolve kavaná (כַּוָנָה), ou o foco, a intenção correta, a verdade moral… precisamos “pressionar” (διώκω) para prosseguir (Filipenses 3:14). O problema para muitos de nós é que somos irresolutos, indecisos, e, portanto, hesitamos…
Um coração dividido está em guerra dentro de si mesmo, “duas almas” (δίψυχος) e instável em todas as suas formas (Tiago 1:8).
Considere… se a ‘pureza de coração é a vontade de uma só coisa’, então impureza do coração é o resultado da vontade de duas coisas simultaneamente… É, portanto, um estado de contradição interna, de ter duas “mentes” separadas ou “vontades opostas” que possuem pensamentos contrários ou desejos ambíguos. O Messias ensinou que ‘uma casa dividida não pode subsistir’.
Precisamos ser curados da ambiguidade de uma alma dividida e instável (Salmo 16:08). Que sejamos libertos dos medos que dividem o coração e roubam da alma a Shalom Sheleimá, a plenitude perfeita, uma alma completa, inteira…
A porção da Torá da semana passada (Va’etchanan) terminou com um aviso sóbrio para obedecermos a Adonay e procurar praticar os seus mandamentos (Mitzvot): “Sabe, portanto, que Adonay teu Deus é Deus, (הוא האלהים) O Deus fiel- haEl haNeeman (הָאֵל הַנֶּאֱמָן), que mantém a Brit – ברית (aliança) e a Chesed – חסד com aqueles que o amam e guardam suas Mitzvot (mandamentos), até mil gerações…” (Deuteronômio 7:9-11).
Na porção desta semana (isto é Eikev Deuteronômio 7:12 – 11:25), Moisés continua sua advertência, dizendo: “Se vocês obedecerem a essas mishpatim (juízos), as guardarem e as cumprirem, então Adonay, o seu D-us, manterá com vocês a aliança (Brit) e a graça (chesed) que prometeu sob juramento aos seus antepassados.” ( Deut. 7:12).
A obediência as Mitzvot (mandamentos) (ou seja, a fidelidade) trará bênçãos múltiplas: crianças, colheitas, gado e outras generosidades provindas da terra. Na verdade, os filhos de Israel seriam ‘abençoados acima de todos os povos’, livres de qualquer tipo de doença, vivendo em vitória na Terra Prometida (ארץ ישראל). As pessoas não deviam viver com qualquer tipo de medo, principalmente das sete nações na terra de Canaã. Em vez disso, eles deveriam exercitar a fé, recordando o que D-us fez ao Faraó no Egito, e a libertação do povo. O povo não devia ter nenhuma tolerância para com os ídolos de qualquer tipo. Eles foram instruídos a destrui-los, queimá-los em fogueiras e erradicá-los da terra.
Moisés lembrou ao povo que D-us havia tomado conta deles durante toda a sua peregrinação no deserto. Por quase 40 anos, D-us instrui-os, alimentou-os com o maná (מן) e deu-lhes água da Rocha milagrosa. Mesmo a glória da Shechinah (רוח הקודש), ou seja, a emanação da Presença de D-us milagrosamente manteve suas roupas novas e seus sapatos sem desgastar!
Moisés disse que Hashem (D-us) fez tudo isso para ensinar o povo a confiar somente nEle. As várias dificuldades no deserto tinham como objetivo que eles aprendessem que ‘uma pessoa não vive só de pão, mas de tudo o que sai da boca de Adonay.’
A Parashat Eikev termina com a passagem que é usada liturgicamente como a segunda (de três) partes da oração devocional Shemá (chamada Vehayah). Estas palavras (ou seja, Deut. 11:13-21), reitera a ligação entre a devoção de Israel a D-us, e sua bênção, como povo escolhido de D-us (Am Segulá), são recitadas duas vezes por dia por judeus ortodoxos em todo o mundo.
Nós não somos instruídos para destruir a nós mesmos, permitindo que a amargura, raiva ou o medo consumam os nossos corações. Em nossa porção de leitura publica da Torá desta semana Deuteronômio 7:12 – 11:25, lemos: “E você não deve trazer uma coisa abominável (תּוֹעֵבָה) para sua casa e tornar-se destinado à destruição como ela” (Deuteronômio 7:26).
Em seu comentário sobre este versículo, Abraham Twerski (1930 EUA) cita a Mishná que diz que se alguém entra em um acesso de raiva, é equivalente a adoração de ídolos, e, portanto, tal sentimento nunca deve ser levado para a casa.
Na verdade, a ira ou a raiva está ligada a avodá zará – idolatria – porque exalta o ego e afirma que D-us não pode (ou é impotente) ajudá-lo em seu momento de teste ou necessidade. As Escrituras são claras, no entanto, que “não há nenhum teste dado a nós que nós não possamos suportar” (1 Coríntios. 10:13), e somos convidados a vir corajosamente diante da Presença Divina para encontrar ajuda no nosso tempo de necessidade (Hebreus 4:16).
Acreditando que nós não poderemos superar o nosso medo, o problema da raiva ou da ira é, portanto, uma forma de idolatria. Como está escrito: Lô yiheié bechá el zar (לא יִהְיֶה בְךָ אֵל זָר) – ‘não haverá deus estranho dentro de você’ (Salmo 81:9), o que significa também que devemos negar expressamente a exigência do ego de ter sua vontade feita. Estar cheio de um sentimento de ‘auto importância’ é ser escravizado à vaidade e ter um deus estranho “dentro de nós”.

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