Shemot e os "nomes" de D-us (Êxodo 1:1-6:1)

Shemot e os "nomes" de D-us (Êxodo 1:1-6:1)

Um antigo Midrash ensina que Moshe (Moisés) tinha um problema de fala e é por isso que ele se descreveu como “pesado de boca e de língua”… (Êxodo 4:10). D-us assegurou-lhe, no entanto, lembrando-lhe que sua limitação foi pela Providência Divina (Êxodo 4:11-12). Os nossos sábios (חז”ל) comentam que Hashem não curou Moisés de sua “gagueira”, porque Ele queria que os filhos de Israel soubessem que Moisés era seu mensageiro escolhido. Pois quando ele falava em nome de Hashem (D-us), a gagueira desaparecia completamente e Moisés falava com fluente facilidade. Isso era para ensinar as pessoas a não confiarem em oratórias ou vãs filosofias e teologias humanas, mas no poder de D-us. (Midrash Rabbah Shemot)

A Porção da Torá desta semana (a primeira do Livro de Êxodo – Êxodo 1:1 – 6:1) é chamada Shemot (שְׁמוֹת, ‘Nomes’), porque ela começa com uma lista de “nomes” dos filhos de Jacó, que vieram habitar na terra de Goshen: וְאֵלֶּה שְׁמוֹת בְּנֵי יִשְׂרָאֵל הַבָּאִים מִצְרָיְמָה / ‘Estes são os nomes dos filhos de Israel que vieram para o Egito’ (Êxodo 1:1).

Agora, embora seja verdade que as Escrituras aqui listam os nomes dos descendentes de Jacó, a parte mais importante refere-se os Nomes de Adonay, o D-us de Israel em Si. “Estes são os nomes…”

Para ver isto, vamos considerar a história central de nossa leitura, ou seja, o comissionamento de Moisés diante a Sarça Ardente (veja Êxodo 3:1-20).

Nota-se que na Torá afirma-se claramente que era o Anjo do S-nhor (isto é, Malach Adonay: מַלְאַךְ יהוה) que apareceu a Moisés בְּלַבַּת אֵשׁ מִתּוֹךְ הַסְּנֶה / ‘numa chama de fogo, do meio de um arbusto. ’ (Êx 3 :1-2). Mas, então, na Torá continua-se dizer que foi o próprio IHVH (יהוה) que viu Moisés aproximar-se do arbusto enquanto D-us (ie; Elohim: אֱלהִים) o chamou.
D-us (ou seja, Elohim), em seguida, ordenou a Moisés (משה) tirar as sandálias e se identificou como o “o D-us de Abraão (ie; Elohei Avraham: אֱלהֵי אַבְרָהָם), o D-us de Isaque (ie; Elohei Yitzchak: אֱלהֵי יִצְחָק), e o D-us de Jacó (ie; Elohei Ya’akov: אֱלהֵי יעֲקב).”

Neste relato curto e dramático, temos vários nomes (Atributos) de D-us apresentados, IHVH (יהוה), D-us (Elohim), e o ‘D-us de Abraão, o D-us de Isaac e o D-us de Jacó’ – todos se referem ao único D-us verdadeiro e indivisível!
Notem também que o próprio Anjo do S-nhor (isto é; Malach Adonay: מַלְאַךְ יהוה) se expressa como sendo o próprio D-us {IHVH (יהוה)}

Quando D-us comissionou Moshe (Moisés) para ser seu sheliach (שָלִיחַ) – Seu Emissário (ἀποστέλλειν) – para ir diante do Faraó e levar os filhos de Israel de volta para a Terra Prometida (ארץ ישראל), Moises objetou que ele estava inapto para a tarefa. Ele disse que ele era kevad pê – ‘pesado de boca’ e também kevad lashon, ‘pesado de língua’, e, portanto, era incapaz de falar em nome de Adonay (Êxodo 4:10).

Talvez porque Moisés fosse ‘pesado de boca’, e que ele continuou a opor-se ao plano de D-us. Afinal de contas, o que Moisés (משה) ira dizer se lhe fosse perguntado qual era o Nome de D-us? Talvez Moisés não pudesse falar bem o suficiente para enunciar corretamente o nome divino?

É revelador ao compreender a resposta de D-us: אֶהְיֶה אֲשֶׁר אֶהְיֶה / “Ehyeh Asher Ehyeh (‘serei o que serei’), e D-us disse: ‘Diga isso ao povo de Israel: (אֶהְיֶה) Ehyeh (‘Serei’) me enviou a vocês’… “Então, D-us (ou seja, Elohim – אֱלהִים) passou a “soletrar” para Moisés:” ‘Diga isso para o povo de Israel: IHVH (יהוה), [ou seja] o D-us de vossos pais, [ou seja] o D-us de Abraão (אֱלהֵי אַבְרָהָם), [ ou seja ] o D-us de Isaque (אֱלהֵי יִצְחָק) e [ ou seja ] o D-us de Jacó (אֱלהֵי יעֲקב)…’ ‘Este é o meu nome para sempre (זֶה שְּׁמִי לְעלָם), e, portanto, assim devo ser lembrado por todas as gerações’ (Êxodo 3:14-15).

Agora eu incluído o texto hebraico aqui para torná-lo explícito que os nomes (atributos) distintos de D-us nesta passagem (ie, יהוה, אֱלהִים, e assim por diante) referem-se a um verdadeiro D-us, o D-us de Israel, Criador dos Céus e da terra e de fato de todo o Universo visível e invisível e todos os mundos possíveis.

De fato, na Torá deixa claro que o Nome de Hashem – IHVH (יהוה) está associado com a frase Ehyeh Asher Ehyeh (אֶהְיֶה אֲשֶׁר אֶהְיֶה), que deriva do ‘Qal da forma imperfeita na primeira pessoa’ deste verbo Hayah (הָיָה): “sempre serei”.
Em outras palavras, há uma conexão direta entre o nome IHVH (יהוה) e ‘ser Existente’ e da própria realidade em si. IHVH (יהוה) é a fonte de todo o ser e de tudo que há no universo e em todos os mundos possíveis e tem de ser inerente em si mesmo (ou seja, Ele é necessário). Todo o mais é um ser ou algo contingente que deriva da existência DEle.

O nome IHVH (יהוה) também evidencia a transcendência absoluta de D-us. Em Si mesmo, D-us está além de todas as ‘predicações’ ou quaisquer atributos de linguagem: IHVH (יהוה) é a fonte e o fundamento de toda a possibilidade de enunciação e, portanto, está além de todas as descrições definidas. Por isso, IHVH às vezes é simplesmente chamado de Adonay (S-nhor), Elohim, El, Elyon (D-us), Hashem (O Nome), HaMakom (O Lugar) Ein Sof (Eterno) e assim por diante, já que nenhuma quantidade de palavreado nunca vai fazer justiça à majestade infinita e a verdade do que D-us é… Somente do que D-us não é; por exemplo, D-us não é um Ser Humano, um homem ou uma mulher ou qualquer coisa da criação, D-us não esta limitado a um corpo a um lugar e assim por diante.

D-us está ‘Presente’ (Êxodo 3:13-14), D-us manifesta através do seu ‘Ruach’ , a Presença Divina (Sopro, Espírito de D-us, Espírito Do S-nhor, Espírito Santo, Shechiná e assim por diante), (Genesis 2:7; Números 16:22, salmos e etc.) no Próprio Messias (Isaías 9:5-6 e etc)…

O nome IHVH (יהוה) significa também que “D-us era (ou seja, hayá: היה), D-us é (ou seja, hovê: הוֶה), e D-us sempre será (ou seja, ve’yihyé: וְיִהְיֶה)”, o que implica que D-us é Eterno (Ein Sof) e está sempre presente e não está restringido pelo tempo-espaço ou qualquer outra coisa.

Além disso, D-us também é chamado de Havayah (הֲוָיָה), o que significa que Ele sustenta a toda criação, pela Palavra do seu poder: “em D-us vivemos, nos movemos, e existimos”… todo o Universo está em D-us, e toda a criação existente possível e todos os mundos existentes possíveis (Salmo 90:1 e etc.).

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