Bechukotai: בְּחֻקּתַי
A porção (Levitico 26:3-27:34) desta semana da Torá inclui a primeira grande ‘admoestação’ (ie; tochachah: תּוֹכָחָה) para a congregação de Israel (קהילת ישראל) dado nas Escrituras (a segunda é encontrada em Ki Tavo, ou seja, Deut. 28:15-68).
Nesta seção sóbria e alertadora, D-us promete ao povo grande bênção se obedecessem (Levítico 26:3-13), mas avisa que o exílio, perseguições e outras punições progressivamente piores aconteceriam se eles inclinassem a quebrar a fé (Levítico 26:14-46). Os sábios notaram que censura Divina viria se o povo “esquecesse” a respeito de D-us ou de outra forma se tornasse negligente em sua observância de Suas instruções.
Os nossos sábios apontaram que o refrão; ‘se vocês andarem contrariamente’ (וַהֲלַכְתֶּם עִמִּי בְּקֶרִי) – que ocorre várias vezes durante a admoestação – realmente significa “se vocês andarem sem cuidado (ou seja, Keri: קְרִי) Comigo”.
O Rabino Rashi (1040-1105 França) ensinava que o verbo Kará – קָרָה significa ‘acontecer’ ou ‘suceder’ e, portanto, sugere um sentimento de aleatoriedade (a palavra relacionada é Mikré [מִקְרֶה] que significa ‘coincidência’).
Ou seja, Se o povo considerasse os acontecimentos da vida como “aleatórios”, ou meras coincidências, então D-us iria retribuir trazendo problemas sem sentido em suas vidas… Por isso, os nossos sábios consideravam uma atitude descuidada sobre a vontade de D-us como o primeiro passo para a inevitável apostasia.
Em outras palavras, sobre tudo o que acontece nas nossas vidas, se tomarmos como meras “coincidências”, essencialmente negamos a Presença Divina, e esta atitude acabará por pedir a intervenção corretiva de D-us.
A Parashá começa assim: ‘Se andardes nos meus estatutos (ou seja, Bechukotai: בְּחֻקּתַי) e guardardes os meus mandamentos e os fazê-los… ’ (Levítico 26:3), o que levou o rabino Hanina (1º Sec. DC) a perguntar por que a frase aparentemente supérflua, “fazê-los…” (וַעֲשִׂיתֶם אתָם) foi incluído aqui?
Afinal, se as pessoas iriam andar nos estatutos de D-us e guardar os Seus mandamentos, necessariamente iram faze-los. Ele, então, sugeriu que os vogais da palavra hebraica otam (eles) devia ser vocalizada como atem (אַתֶּם), “vocês”, que, em seguida, muda o sentido da frase para tornar-se, “vocês devem fazer (עָשָׂה) vós mesmos” (ou seja, a imagem de D-us dentro de vós). O corolário lógico desta parece sugerir que, se nós não andarmos nos estatutos de D-us e não guardarmos os Seus mandamentos (Mitzvot), nós vamos desfigurar a imagem de D-us dentro de nós…
Curiosamente, Hashem (D-us) cita especificamente a inobservância do Ano Sabático (shemitá), mencionado na porção da semana passada, como parte da razão pela qual o Seu julgamento viria (Lev. 26:34-35,43 ). A observância do ano Sabático, naturalmente, necessária completa a fé de que D-us está no controle de todos os “acontecimentos da natureza” e em todos os mundos possíveis. Como o dia de sábado (7º dia), o ano Sabático foi designado para proclamar que Adonay é o Rei do universo e Rei do rei dos reis.
Aqueles que desconsideram esse estatuto, portanto, negam o governo de D-us sobre a natureza, o Universo e todos os mundos possíveis, e, assim, negam a existência de um principio espiritual de ‘causa e efeito’ que opera no mundo físico…
Observe que os nomes dos patriarcas estão listados em ordem inversa, o que sugere e nos mostra que estamos de volta ao caminho para sua aliança original feita com Abraão… (Levítico 26:40-42)
Segundo a historia judaica, Esdras, o Escriba (século 5 aC) organizou as leituras semanais, para que esta parte fosse sempre lida algumas semanas antes da Festa de Shavuot (pentecostes). Aparentemente Ezra, o Escriba, argumentou que uma vez que o juízo mencionado nesta parte incluiu a destruição do Templo e o exílio da terra de Israel, ele pensou que lê-la publicamente antes da Festa de Shavuot (que tradicionalmente comemora a entrega da Torá no Monte Sinai) seria incutir um sentimento de teshuvá (arrependimento) entre as pessoas.
A idéia de admoestação Divina ( תּוֹכָחָה ) é um lembrete sóbrio de que ‘de D-us não se zomba (μυκτηρίζω – literalmente: “torcer o nariz”), e o que uma pessoa semeia, ela também colhe’ (Gálatas 6:7, Salmo 39:11). Cada um de nós é, portanto, responsável, e lembrar do juízo vindouro. Apesar da propaganda deste mundo caído, e suas vãs filosofias e teorias sociológicas, as Escrituras Sagradas afirmam repetidamente que há conseqüências permanentes para as escolhas que fazemos em nossas vidas.

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