julgue favoravelmente (דן לכף זכות)
Avalie (julgue) os outros como você gostaria de ser avaliado (julgado). Não pelas aparências, mas em justiça – be’tzedek (בְּצֶדֶק), isto é, com o julgamento criterioso e benevolente.
Pois, a ‘Verdade’ é compreendida em correspondência com a realidade, no entanto já que a realidade não é estática, então a verdade de algo está ligada a seu passado, presente e futuro.
Na luz disto saiba que; ‘Os que andam na verdade’, significa estar consciente das complexidades de alguma coisa, de um fato e assim por diante…, e, consequentemente, evita-se um julgamento prematuro dos outros, ou deixar se levar pelas aparências…
Mas note; desde que a verdade também inclui possibilidades para o futuro, tende se a usar o Ayn Tová (o olho bom), dando o mérito da duvida (כף זכות). O interessante que a característica de ‘dan le’kaf zechut’ (julgar com o mérito ‘da duvida’) detém a chave para o sucesso em muitas esferas da nossa vida.
Qual é o traço de caráter fundamental que permite que alguém julgue os outros favoravelmente (דן לכף זכות)?
É a capacidade e a vontade de um indivíduo de olhar (עין טובה) além das externalidades superficiais da conduta de outra pessoa, e tentar entender a essência do que está acontecendo. Ou seja, em reter o julgamento das aparências superficiais até que eu possa apurar os fatos verdadeiros… Pois a verdade inclui possibilidades para o futuro.
Observe que a palavra Tzedek (צֶדֶק) inclui a decisão de agir em “caridade” e benevolência. Recebemos a Mitzvá (mandamento) de dar Tzedaká (צְדָקָה, “caridade”), não só porque é “certo e justo”, mas porque expressa o amor de D-us… (ao julgar favoravelmente).
A noção de encontrar grandeza escondida dentro dos eventos, coisas e no mundo em que vivemos é à base do principio bíblico de que “Kol d’rachmana d’avid, le’tav avid – Tudo D-us faz é bom e é para o bem.”… Assim como Gam zu le’tová – Tudo o que Hashem (D-us) faz é para o bem.
Ao mesmo tempo em que muitas vezes não é imediatamente aparente, escondido dentro de circunstâncias aparentemente difíceis e desafiadoras há a semente de algo positivo, edificante e frutífera.
Como resultado, mesmo quando confrontados com situações difíceis e desafiadoras, podemos ter confiança (bitachon) que em última análise, escondida dentro dessas circunstâncias há resultados positivos que se tornarão evidentes ao longo do tempo. Isso nos dará a força para suportar e continuar.
Em suma, alimentando a característica de “julgar favoravelmente” (דן לכף זכות) algo ou situações pode fortalecer nossa Bitachon (“fé emocional”, confiança) em Hashem (D-us).
Com o entendimento acima de ‘dan le’kaf zechut’ (julgar favoravelmente), que isto vai além de pessoas, pois pode ser coisas ou circunstancias…, o significado da condição de Tzara’at (“lepra espiritual”) torna-se claro como cristal. “B’mida she’adam moded kach modidin lo – a forma como se age com os outros é como Hashem responde de volta”…
Tzara’at (“doença espiritual”) é uma condição que afeta a pele de uma pessoa, a superfície de peças de vestuário, ou as paredes da casa. Quando uma pessoa fala Lashon haRá (‘não julgar favoravelmente’, murmurar, praguejar, maldizer indiscriminadamente algo ou uma circunstancia), e essencialmente, concentrando-se nas circunstâncias externas das coisas, algo ou uma situação e interpretando-a como sua essência, assim tal pessoa, ou suas vestes (coisas) sua casa (vida) ficam afetadas e a vida social se torna infrutífera.
Em conclusão, podemos dizer que o conceito de ‘dan le’kaf zechut’ (“julgar favoravelmente”) subjacente às instruções sobre Lashon haRá (maledicências, maldizer, murmurar e etc) detêm a chave para o sucesso em muitas áreas da nossa vida.

Comments are closed.