o Livro de Reclamações ou murmurações

o Livro de Reclamações ou murmurações

Dado o fato de que os judeus são, por muitos séculos, o povo do livro e o judaísmo uma religião do livro, a modernidade judaica destaca-se ainda mais revolucionária do que pode parecer para nós… Porem a Torá (תורה) sem o Espírito de D-us é como um corpo sem alma… Como podemos notar, o nome IHVH (יְהוָה) está conectado com o Espírito que dá vida… Antes que o Ser Humano veio a Ser pela primeira vez, Hashem (D-us) soprou nele a Nishmat chayim (נִשְׁמַת חַיִּים), ‘o fôlego da vida’ (Genesis 2:7, Jó 12:10). Mais tarde, Moisés chamou D-us de ‘Elohei haRuchot lechol basar’ (אֱלהֵי הָרוּחת לְכָל בָּשָׂר), que traduzido é ‘o D-us dos espíritos de todo ser vivo’ (Números 16:22).

Na verdade, o nome de IHVH é inexprimível “fora de uma respiração”, da ruach (רוּח), já que cada letra representa um som como de um fôlego (יהוה). A Ruach HaKodesh (רוח הקודש) é o sopro de D-us que sopra em nós para nos tornar verdadeiramente vivos. Quando abrimos nossos corações para receber o Espírito (רוח) que dá vida, encontramos conforto e ajuda. O Espírito de D-us (רוח הקודש) inspira orações dentro de nós (Rm 8:26), revela a verdade sobre o Messias (João 15:26), transforma o nosso caráter interno (Gálatas 5:22-23), nós conduz para as Mitzvot (mandamentos), e dá-nos a vida do reino dos céus (João 3:8). O Espírito Santo de D-us está tão perto quanto a nossa própria respiração. Como o vento que não pode ser visto, mas sentido, que se move que movimenta e etc.

Antes de sua morte, Moisés orou: ‘Que Adonay (יהוה), o D-us dos espíritos de todo ser vivo’ (אֱלהֵי הָרוּחת לְכָל – בָּשָׂר), ponha um homem sobre a congregação… Que possa levá-los e trazê-los, de modo que a congregação de Adonay (עדת יהוה) não seja como ovelhas que não têm um pastor (אין להם רעה). Então, disse Adonay a Moisés: Toma Yehoshua filho de Nun (יְהוֹשֻׁעַ בִּן.נוּן, lit ‘filho do peixe’), um homem em quem há o Espírito (רוּח), e põe a tua mão sobre ele’ (Números 27:16-18).

Os nossos sábios no Talmud observam que a palavra aramaica Nun (נוּן) significa ‘peixe’, um símbolo de atividade e vida e fecundidade. Yehoshua (Josué), o escolhido que sucedeu Moisés (משה) e levou o povo para a Terra Prometida, era o “Filho da Fecundidade” – uma imagem clara de Yeshua nosso Messias, o “espírito do bom pastor”, que daria sua vida por suas ovelhas (João 10:11).

De acordo com nossos sábios através das Escrituras a nossa Alma é composta de 5 partes uma dentro da outra. Estas partes que compõem a nossa alma são chamadas; Yehidá (יחידה), Hayá (חיה), Neshmá (נשמה), Ruach (רוח), Nefesh (נפש), para entender este conceito deve-se ter em mente a imagem de um vidraceiro soprando sobre um recipiente de vidro informe para formar uma peça de vidro qualquer.

Feliz (אשׂרי) a pessoa que não anda segundo o conselho dos maléficos (רשׂעים),… Antes tem seu desejo (חפצו) na Torá de Adonay, e na sua Torá medita de dia e noite. Salmos 1:1-2

Esta pessoa é ‘Feliz’ porque deseja a verdade de D-us e tem encontrado um grande tesouro, e tudo o que ele põe a mão para fazer prosperará (Salmo 1:3). Observe que a palavra “desejo” (ie, Chafetz: חָפֵץ) expressa o desejo mais profundo do coração ou da alma (Mateus 15:19, Lucas 6:45). O forte desejo é vital para a apreensão da verdade, e é um grande presente de D-us para sermos livres da escravidão do hábito e das ações irrefletidas, da falsa bondade e etc. Como o Rei David disse: ‘A minha alma consome-se de forte desejo pelos teus juízos (משׂפטיך)’ (Salmo 119:20).

Onde está escrito: ‘você deve meditar nela dia e noite (מפיך והגית בו יומם ולילה)’ (Josué 1:8), ‘Rabi Yochanan disse: isto não é um mandamento ou obrigação, mas uma bênção, uma vez que as palavras da Torá – são como a Árvore da Vida que dá o seu fruto na estação própria (Sl 1:2-3) – traz prosperidade e sucesso para aqueles que se deleitam nela’. (Talmud)

A pessoa que reflete ou medita sobre a Torá (e as e Escrituras) de D-us permitirá que a verdade a capacite em suas decisões neste mundo. A palavra hebraica Yehegeh (יֶהְגֶּה) significa que a pessoa que busca a Torá é tão cheia com a verdade das Escrituras que as palavras saem de sua boca como se por conta própria. Essa pessoa vai contemplar e tomar posse da Árvore da Vida (Salmo 1:3).

Aqueles que realmente desejam a Torá de D-us e meditam sobre ela ‘dia e noite’ serão salvos do julgamento que cairá sobre os maléficos (Salmo 1:5-6). Estudar e viver a Torá de D-us é, portanto, o meio de nossa preservação e perseverança neste sistema caído. Viver a verdade das Escrituras produz certeza de que D-us te conhece e vai levá-lo através do corredor deste mundo ileso ate julgamento vindouro (João13:17). Um dos grandes problemas da sociedade ocidental e principalmente no Brasil é a total alienação de que haverá indiscutivelmente um julgamento vindouro sobre toda a humanidade… queira sua teologia afirmar isto ou não. A sociedade atual tem agido como se não houvesse um prestar de contas naquele grande dia.

Não oramos para tentar mudar a mente de D-us, mas sim mudar a nossa própria mente (Mateus 6:8). A oração não é um meio de obter a atenção de D-us, nosso Pai, mas sim um meio de obter a nossa atenção fixa na realidade.

Alguns dos nossos sábios chamaram a porção de leitura publica da Torá desta semana (isto é Números 8:1-12:16) de “Sefer Kvetch”, o Livro de Reclamações ou murmurações, desde a primeira etapa da viagem de volta para a terra prometida foi marcado com murmuração, ingratidão e fantasias sobre os “bons velhos tempos no Egito”, seria engraçado se não fosse tão trágico: Eles romantizaram a forma como as coisas eram na escravidão do Egito, racionalizando que não era “tão ruim assim”, e assim por diante. Infelizmente uma hora ou outra nos encontramos nesta situação de romantizar situações que foram uma escravidão nas nossas vidas.
Os episódios repetidos de murmuração e ingratidão realmente eram uma forma de rebelião contra a liderança de D-us, como as pessoas blasfemando, murmurando contra D-us com loucura, incompetência, ou ate mesmo malícia… (“Por que D-us nos tirou do Egito – para matar-nos a todos no deserto”). Na verdade, isto levou a uma condição espiritual do povo tão ruim que todos eles foram condenados a morrer no deserto.

Mais uma vez, o mandamento (מצוה) central desta porção de leitura da Torá desta semana (Números 8:1-12:16) é “Não Kvetch – murmurar” (ou, dito de forma positiva, ‘tenha gratidão’). ‘As atitudes dos pais são sinais para os filhos’, e, portanto, somos severamente alertados para não seguir o exemplo daqueles que foram resgatados por a mão estendida de D-us, mas que mais tarde se afastaram por causa de medos, reclamações e incredulidade (Hebreus 3:11-16).

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