parashat Emor – Levítico 21:1-24:23

parashat Emor – Levítico 21:1-24:23

Tempos Designados

Nossa porção da Torá desta semana (parashat Emor – Levítico 21:1-24:23) lista os 8 principais Mo’edim (מוֹעֲדִים) – isto é: os ‘tempos designados’ por D-us diligentemente dados nas Escrituras Sagradas (כתבי הקודש).

Estes momentos especiais também são referidos como Mikra’ei kodesh (מִקְרָאֵי קדֶשׁ), Santas Convocações, ou seja, ‘os tempos em que a santidade é proclamada’ (Levítico 23:2). Nota-se que esta é a primeira vez que na Torá revelam-se uma descrição abrangente das festas do S-nhor, inclusive as seguintes épocas especiais:

O sábado (7º dia) – observância semanal do Shabat, que comemora a D-us como o Criador do Universo (בורא העולם) a redenção do Egito. De acordo com os nossos sábios, o Shabat (7º dia) é o mais importante dos tempos designados, ainda mais importante do que o Yom Kipur. Há 54 sábados semanais em um ano bissexto e 50 em anos regulares…

Pessach (15 de Nisan), também chamado de Páscoa. Festas dos pães ázimos (Nisan 15 a 22); note que a Contagem do Omer é mencionada pela primeira vez nesta parte da Torá (Levítico 23:9-16). As primeiras colheitas (17 de Nisan), também chamada Reishit Katzir.

Shavuot (o 50º), também chamada de Pentecostes.
Yom Teru’ah (1º de Tishri do 7º mês), também chamado de Rosh Hashaná. Note que esta é a primeira vez que isso é revelado na Torá.

Yom Kipur (10 de Tishri) também chamado de Dia da Expiação.
Sukot (15 a 22 de Tishri) também chamado de Tabernáculos. Note que esta é a primeira vez que os mandamentos para habitar (construir) em uma Suká (cabana) e celebrar com o Lulav (as quatro espécies) são mencionados na Torá.

Observe que há uma reafirmação da Mitzvá (mandamento) para ajudar os necessitados (isto é: Pe’ah, leket, e etc) que aparece no meio da lista das várias Festas (ver Levítico 23:22) , o que os nossos sábios ensinavam foi que isto é para nos lembrar de ajudar aqueles em necessidade, especialmente durante estes tempos das Festas.

Daí, vemos que dar Tzedaká (ajuda financeira, caridade e etc.) é uma parte regular das festas judaicas (por exemplo: dando ‘Ma’ot chitim’ “dinheiro para ajudar” [מַעוֹת חִטִּים] durante a Páscoa, Matanot la’evyonim [מַתָּנוֹת לָאֶבְיוֹנִים] em Purim para os necessitados, e assim por diante).

Os sábios perguntavam: “Por que D-us na Torá coloca a Mitzvá (mandamento) de ajudar os que estão em necessidade e dificuldades, enquanto fala sobre as Festas e os seus sacrifícios particulares?

Para nos ensinar a grandeza da Tzedaká (caridade). D-us tem por credito que quem faz Tzedaká (caridade) aos em dificuldade é como se tivesse construído o Templo Sagrado e apresentado ofertas nele a D-us.”

Uma vez que existem pelo menos 50 Shabat semanais (7º dia) em um ano, além das sete festas previstas (sem falar de Rosh Chodesh {lua nova} e os outros feriados, como Purim Chanucá e etc), não é de admirar que as Escrituras declaram: ‘Uma pessoa com um coração alegre tem uma celebração contínua’ (Provérbios 15:15) . O Moedim são tempos para dar alegremente graças a Adonay por tudo que Ele tem feito… e trazer a realidade do Reino de D-us e sua Tzedaká (justiça) para este sistema caído.

Observe e considere que o calendário é dividido em duas partes iguais de exatamente seis meses lunares cada um, os quais giram em rituais redentores e acabam com as colheitas.

A primeira metade do calendário divino começa em Rosh Chodashim (isto é: 1º de Nisan – Êxodo 12:2), que é seguido pelas instruções para selecionar o cordeiro da Páscoa no 10º dia de Nisan (Êxodo 12:3), e o abate no fim da tarde do dia 14 (Êxodo 12:6-7) e comê-lo no dia 15 (Êxodo 12:8) (na época em que havia o Templo).
A própria Páscoa inicia o período de sete dias dos pães ázimos (de 15 a 22 de Nisan), na qual nenhum fermento pode ser consumido (Êxodo 12:15-20).
Em nível agrícola, a Páscoa representa a primavera, a estação das primeiras colheitas (isto é: Chag haKatzir: חַג הַקָּצִיר), e assim por diante.

Sobre o “outro lado do calendário”, Yom Teruá (ou Rosh Hashaná) marca o início do segundo semestre do ano (Êxodo 23:16, Levítico 23:24), que é seguido pelo Yom Kipur dez dias depois, em 10 de Tishri (Levítico 23:27), seguido pela festa de uma semana de Sukot (Tabernáculos), que ocorre a partir de 15 a 22 de Tishri (Levítico 23:34-36).
No plano agrícola, Sukot representa a colheita da safra de outono (ou seja, Chag ha’asif: חַג הָאָסִף) no “final do ano” (Êxodo 23:16).

Em outras palavras, em alguns aspectos, as Festas do segundo semestre são um ‘espelho’ das festas do primeiro semestre no calendário divino, e, na verdade, ambos os lados do calendário representam diferentes aspectos do plano redentor de D-us para o mundo em que vivemos.
Podemos fazer uma alusão que as festas do primeiro semestre representam a primeira vinda do Messias (ou seja, Yeshua como Servo Sofredor, Cordeiro de D-us, o Messias ben Yosef ), enquanto que as festas do segundo semestre representam Seu segundo advento (Yeshua como Conquistador e Rei, o Messias ben David ) .

Em uma conexão das festividades de Hanuká e Purim, os nossos sábios notaram que imediatamente após Hashem (D-us) revelou estes ‘Tempos designados’ (Festas bíblicas), Ele instruiu Moisés para manter a Menorá no Lugar Santo do Tabernáculo acesa continuamente (o Ner Tamid) e para fornecer ‘pães da proposição’, semanais ou os doze pães no shulchan dentro do Lugar Santo. Os sábios dizem que as instruções relativas ao óleo da Menorá alude a Hanuká (João 10:22-24), enquanto o Lechem haPanim (pães da proposição) faz alusão a Hester panim – ou ‘esconder o rosto’ e o Nistar Nes (milagre escondido) da história Esther.

Considere e guarde isto…

Em vez de pensarmos o tempo como uma seqüência linear de eventos (ou seja, a medição da linear, movimento progressivo), o pensamento judaico e bíblico tende a considerá-lo em termos de uma espiral ou “roda, moinho”, com uma progressão para frente delimitada por um abrangente (e divino) padrão que se repete ciclicamente ao longo das semanas, meses e anos de vida.

Isto pode ser visto claramente na língua Hebraica. Alguns dos nossos sábios notaram que a palavra hebraica para ‘Ano’ – Shaná (שָׁנָה) – tem a mesma raiz de ambas as palavras ‘repetir’ (שָׁנָה) e a palavra ‘mudança’ (שִׁנָּה).
Em outras palavras, a idéia do ‘ano judaico e bíblico’ implica ‘repetição’ em curso – ou seja, Mishná (מִשְׁנָה) – e uma ‘mudança’ duradoura em nossas vidas, também dos eventos proféticos chaves da história da redenção, como eles revivem em nossas experiências atuais… (A idéia que os eventos dos antepassados eram “parábolas” para nós é expressa na máxima: מַעֲשֵׂה אֲבוֹת סִימָן לַבָּנִים / ma’aseh Avot Siman labanim: ‘as atitudes dos pais são sinais para os filhos’), então o ano judaico e bíblico se repete tematicamente e pedagogicamente, mas também muda de ano para ano à medida que progredimos mais perto “do próximo” Dia da Redenção

… Vemos isso com muita tensão (ou seja, a constância de mudanças), por exemplo, no “duplo aspecto” das profecias desde o Éden. Do já, mais não ainda… vendo o cumprido aguardando o por cumprir…

Nada disso pretende sugerir, a propósito, que não existe um “ponto final” no processo – um dia em que vamos estar com o Messias e desfrutar de Sua presença para sempre… A idéia dos ‘ciclos ou da roda’ de tempo, ou ‘padrões atemporais no tempo’, sugere , porém, que a ‘semente’ para a nossa vida eterna com D-us já foi semeada – e na verdade era conhecida de antemão, mesmo a partir do Jardim do Éden, apesar do fato de que atualmente gememos enquanto aguardando a glória dos Céus.

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