– Shoftim – Deuteronômio 16:18-21:9

– Shoftim – Deuteronômio 16:18-21:9

Nossa porção (פרשה) de leitura publica da Torá para esta semana (Shoftim – Deuteronômio 16:18-21:9) começa assim: ‘Nomeiem juízes e guardas para você (תִּתֶּן לְךָ), em todas as tuas portas (בכל שׂעריך)’ (Deuteronômio 16:18). Alguns dos Nossos Sábios interpretam a palavra “suas portas” (שׂעריך) para se referirem aos nossos órgãos dos sentidos, por exemplo, a “porta dos olhos”, a “porta dos ouvidos”, e assim por diante.

Da mesma forma que temos o mandamento (Mitzvá) de escrever as palavras da Torá ‘sobre os umbrais das portas de nossa casa e em nossos portões’ (Deut. 6:9). Porque estamos naturalmente inclinados a ‘espiar eficazmente com nossos corações e os olhos’(Nm15:39), somos ordenados a colocar “guardas” extras para proteger a santidade do nosso coração (Prov. 4:23). ‘Acima de tudo guarde (משׂמר) o seu coração,pois dele depende as coisas da vida (תוצאות חיים)’. (Provérbios 4:23)

Observe que a palavra guardar – Mishmar (מִשְׁמָר) Refere-se ao ato de proteger alguém ou algo de perto, assim como um carcereiro ou guarda que vigia um prisioneiro. As palavras traduzidas “com toda diligência” (mikol Mishmar) significa, literalmente, “mais do que qualquer coisa que possa ser protegida”, e é usado aqui, para intensificar a instrução de exercer vigilância. Claramente, este versículo nos manda vigiar nosso coração mais do que qualquer outra coisa na vida.

E ainda “Toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco”(Isaías 1:5). Nós entendemos o quão estamos aptos a errar em nossas afeições e, portanto, o coração (isto é; emoções, pensamentos e desejos) é dividido facilmente, obstruído, e passível de fracasso… apesar desta fragilidade, porém, o coração (isto é; pensamentos, emoções e desejos)determina os; totze’ot chayim (תוצאות חיים), ou seja as ‘coisas’, os “contornos” da vida.

No Tanach (Escrituras), a palavra Totza’ot (תוצאות) muitas é vezes usada para se referir às fronteiras dos territórios ou os limites de uma cidade. Este versículo está dizendo que a partir do coração(isto é; pensamentos, emoções e desejos) de uma pessoa um “mapa”, “trilha” ou “carta” da vida é desenhada. Um coração que é puro ou corrupto, assim será também o caminhar da vida… Pureza de coração representa a cura…

Como nós escolhemos guardar ou vigiar o nosso coração da corrupção, dureza, malicia e assim por diante… será o que determinará a “estrada” de nossa vida. Em relação a este versículo o ‘comentário Metzudot’ diz: “Acima de tudo, mais do que qualquer outra coisa. Uma pessoa deve ter o cuidado de proteger o coração de pensamentos impróprios, pois não se pode contemplar com o coração o próprio vórtice da vida, pois um Porto para os pensamentos de maldade é hostil à vida.” Porque a ‘carne é fraca’, temos de estar vigilantes para não nos tornamos cínicos, debochados, e insensivelmente egoístas. Um ‘coração duro’ logo se torna problemático, solitário, desconfiado, e completamente instável.

‘Nomeiem juízes e guardas para você (תִּתֶּן לְךָ), em todas as tuas portas’(Deut. 16:18). Note que; que no original hebraico declara isto no singular, e não no plural, para mostrar que é de nossa responsabilidade pessoal guardar o nosso coração (isto é; emoções, pensamentos e desejos) de influências negativas e más. Regularmente Devemos pedir a D-us para iluminar “o coração” de acordo com Sua sabedoria e poder (ie, a verdade revelada nas Escrituras), e para transmitir a força do Seu Espírito Santo (רוח הקודש) para transformar nossos desejos e afetos de modo que seja acordo com o caráter do Messias.

‘Como uma pessoa pensa em seu coração, assim ela é’ (Provérbios 23:7). Consideremos por um momento como o nosso pensamento define a nossa realidade interior e a qualidade de nossa vida. Como pensamos também está intimamente ligado à nossa fé e, portanto, somos responsáveis não só por aquilo que acreditamos como também o modo como articulamos o nosso pensar (Atos 17:30-31). Pensamentos maléficos criam “energia negativa”, que trazem sofrimentos para nos mesmos e aos outros.
Deixada incontestada, tal função cognitiva prejudicada, leva a escravidão da mente, vícios irremediáveis de pensamento negativos, e um angustiante cativeiro para a alma. O primeiro passo para a liberdade é confessar nossos erros, reconhecendo a realidade de nossa própria negatividade. Portanto Teshuvá (arrependimento) envolve cheshbon Hanefesh (חֶשְׁבּוֹן הַנֶּפֶשׁ), escrutinar nossas intenções e sermos honestos diante de D-us (1 João 1:9, Tiago 5:16).

A parashá Shoftim Deuteronômio 16:18-21:9 começa com a instrução que o povo de Israel deveria introduzir juízes (ie, Shoftim: שׁפְטִים) e guardas ou policiais (ou seja, shoterim: שׁוֹטְרִים) para que a justiça fosse aplicada em toda a terra prometida. A chamada para a justiça é notoriamente afirmada na frase; ‘Tzedek, tzedek Tirdof’ (צֶדֶק צֶדֶק תִּרְדּף): ‘Justiça, e justiça deves perseguir’ (Deut. 16:20). A palavra tzedek significa ‘justiça’ e envolve a nossa obrigação de aderir à verdade moral.

Ao longo desta porção da Torá predomina-se o tema da justiça social e a caridade, tais como as características de ética para os juízes são definidas, bem como para os lideres, reis, profetas e sacerdotes, os quais são responsáveis pela manutenção de uma sociedade justa e saudável. Como o profeta Isaías escreveu: ‘A obra de Tzedaká (‘justiça social’) será Shalom (plenitude, paz)’ (וְהָיָה מַעֲשֵׂה הַצְּדָקָה שָׁלוֹם), e acrescentou que; ‘a adoração/serviço de Tzedaká (justiça social, caridade…) (וַעֲבדַת הַצְּדָקָה) resultará tranqüilidade e segurança para sempre’ (Isaías 32:17 ).

Quando fizermos julgamentos sobre os outros devemos e tentar sempre estender o benefício da dúvida (ou seja, Kaf zechut). O Sábios no Talmud ensinavam que, quando julgamos misericordiosamente e de acordo com a verdade, a Presença Divina (רוח הקודש) se junta a nós, se agirmos de forma objetivamente corrupta, isto “empurra” a Presença Divina (רוח הקודש) e cria em nós uma sensação de exílio (Mateus 7:12). Em outras palavras, como nós julgamos os outros, julgamos a nós mesmos. Devemos ter cuidado para evitar racionalizações, falsas bondades, ‘coitadismos’ e assim por diante… Considerando também que olhar para os outros a partir de uma perspectiva egoísta ou com ‘coitadismos’ e assim por diante é, portanto, uma forma de “suborno” que nos cega da verdade sobre a justiça (ver Deut. 16:19).

Estamos no 6º mês bíblico, chamado Elul em direção as 3 grandes festas do segundo semestre… O antigo Midrash Shocher Tov (comentários rabínicos) ensina que a palavra Ori (אוֹרִי), ‘minha luz’, refere-se à Rosh Hashaná (com base no Salmo 37:6), enquanto que a palavra Yishi (יִשְׁעִי), ‘minha salvação’, refere-se à expiação dada no Yom Kipur. O rei David também menciona que D-us iria escondê-lo em sua Suká (בְּסֻכּה), referindo-se a Festa de Sukot (Salmo 27:5).

Uma vez que todas as três grandes Festas são, em alusão a este Salmo (Rosh Hashaná – 5/set, Yom Kipur – 14/set e Sukot 19 a 25/set/2013), o Salmo 27 é considerado como o hino temático para as Festas.
Estamos todos em uma jornada “espiritual”, com nossas historias sendo escritas no ‘Livro da (nossa) vida’. Para nos ajudar no processo desta “escrita”, os nossos sábios da antiguidade colocaram o mês de Elul como uma época para “escrutinar a alma” (חֶשְׁבּוֹן הַנֶּפֶשׁ). Isso significa que tomar algum tempo para fazer algumas perguntas, tais como: “Como cheguei neste lugar em minha vida” “onde eu estou agora” “estou onde eu deveria estar?”
Entramos nesse processo de auto-exame com o objetivo de crescer, de deixar ir a dor do passado e seguir em frente. Note que; Confissão (ὁμολογία) significa trazer a si mesmo nu diante da Luz Divina para concordar com a verdade sobre quem nós somos de fato, a palavra grega homologeo (confissão) literalmente significa ‘dizer a mesma coisa’.. partir ὁμός (mesmo) e λόγος (palavra) Quando o rei David (דוד המלך) escreveu: ‘Adonay é a minha luz e a minha salvação (יהוה אורי וישׂעי); quem temerei?’ (Salmo 27:1), ele está dando a entender que ele mesmo deve ser livre do seus medos pessoais e de seu passado…

O Rabino Nachman de Breslov (1772-1810 Ucrânia) uma vez disse que “o mundo é uma ponte muito estreita (kol Ha’olam kulo), e a coisa importante é nunca ter medo.”

Yeshua, Baruch Shemô, é a ponte para D-us, o caminho estreito, isto é direto, da passagem que conduz à vida. Ele nos guia no meio da tempestade deste mundo (Mt 14:27). Yeshua nosso Messias é ‘a voz do D-us Vivo (קוֹל אֱלהִים חַיִּים) falando do meio do fogo; ‘Certamente vi a aflição do meu povo no Egito e o sofrimento deles Eu conheço… ’ (Êxodo 3:07, Hb 4:15)..
‘Todo o mundo foi criado para o Messias’ (Talmud Sanhedrin 98b), e uma vez que é assim, podemos ter confiança de que todas as coisas cooperam para o nosso bem.

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