Va'etchanan Deuteronômio 3:23-7:11
Nossa porção da Torá desta semana (Va’etchanan Deuteronômio 3:23-7:11) inclui alguns dos textos mais fundamentais das Escrituras judaicas e do Judaísmo, incluindo os “Dez Mandamentos”, o Shemá (a unicidade de D-us, o dever de amar a D-us e estudar a Sua Torá) e os mandamentos de colocar o tefilin e as mezuzot. Além disso, nesta parte Moisés prevê a galut (exílio) e a eventual geulá (redenção) do povo judeu nos acharit Hayamim (Fim dos Dias/Eras).
A porção de leitura publica semanal começa com a súplica de Moisés ao S-nhor para lhe permitir a entrada na Terra Prometida, apesar de decreto anterior de D-us (cf. Nm 20:8-12;. 27:12-14). A palavra hebraica va’etchanan (וָאֶתְחַנַּן) vem da raiz hebraica chanan (חָנַן), que significa rogar favor ou implorar. Ela deriva do substantivo chen (חֵן)- favor, graça, o que implica que a súplica atrai o favor e a graça de D-us, e não a idéia de qualquer mérito pessoal (no judaísmo, Tachanun (תַּחֲנוּן) são orações devocionais recitadas, após a devocional chamada Amidá, pela graça e misericórdia de D-us, são encontradas no livro de oração devocional judaico chamado Sidur) . Moisés estava pedindo a D-us para mostrar-lhe graça (חסד), invertendo o decreto que o proibiu de entrar na Terra Prometida, Eretz Israel.
Note-se que na tradição judaica, no judaísmo, a idéia de apelar para a graça (חסד) de D-us não significa ‘não depender do esforço pessoal’. Curiosamente a gematria de vaetchanan é 515 – o mesmo valor que a palavra oração (ie, tefilá, תְּפִלָּה) – o que sugere que, embora a graça (חסד) seja “livre, de graça”, é algo precioso que deve ser procurado com todo o coração.
Apesar de seus apelos, no entanto, D-us finalmente disse a Moisés: רַב לָך, ‘basta!’ (Dt 3:26) e reafirmou seu decreto que a ele não seria permitido levar os filhos de Israel para a Terra Prometida. Esse privilégio foi dado a Yehoshua bin Nun (יְהוֹשֻׁעַ בִּן נוּן), ou seja, “Josué, filho de Nun”.
A Graça – chesed (חֶסֶד) de Adonay não cessa; suas misericórdias – rachamim (רַחֲמִים) nunca chegam a um fim; elas renovam todas as manhãs (חֲדָשִׁים לַבְּקָרִים); grande é a tua fidelidade- emuná (אֱמוּנָה)’ (Lamentações 3:22-23)
Da porção desta semana da Torá Deuteronômio 3:23-7:11, lemos: ‘Mas de lá buscarão a Adonay teu Deus, e o acharás, quando o buscares de todo o teu coração (בְּכָל לְבָבְךָ) e de toda a tua alma’. (Deuteronômio 4:29).
De onde é que vamos buscar, a partir de que lugar, exceto no exílio, depois das dificuldades, testes e tribulações?
Se nós buscarmos Adonay nosso D-us de lá – no meio de nosso exílio (tzuris -tribulação), no meio do clamor do nosso coração – nós vamos encontrá-lo lá, no nosso coração.
Esta mensagem é uma profecia, de modo que, mesmo depois de das tribulações caírem sobre nós, no final vamos pertencer a D-us, e D-us ouvirá a nossa voz.
Note-se que a palavra ‘e buscarão’ (בקשׂתם) está no plural, enquanto o resto do versículo está no singular.
‘Onde está D-us para ser encontrado?’ pergunta o Kotzker Rebe (1787-1859), respondeu; ‘no lugar onde lhe é dada a entrada!’
Como também o Emissário Paulo (שליח פאולוס) escreveu: “A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração” (isto é, a palavra da fé que anunciamos)… (Romanos 10:8-13)
Disse Moises assim: ‘E eu implorei (ואתחנן) com Adonay, nesse momento, para dizer… ואתחנן אל יהוה בעת ההוא לאמר ’ (Deut. 3:23), o que implica que devemos primeiro orar, a fim de sermos capazes de orar, isto é, tornamo-nos prontos para orar por encontrar a libertação interior e graça perante D-us …. Se nós não conseguimos encontrar as palavras para orar, então supliquemos a D-us pelo seu Espírito para suplicar em nosso nome (Romanos 8:26). ‘Peçam, e lhes será dado; buscai, e encontrareis; batam, e a porta será aberta’ (Mateus 7:7). ‘Abre, Adonay, os meus lábios, e a minha boca vai manifestar o seu louvor’ (Salmo 51:15).
Da nossa porção da Torá desta semana, lemos: ‘E agora, ó Israel, o escute (Shema): ouça os decretos (chukot) e os juízos (mishpatim) que eu estou ensinando, e pratique-os de modo que vivam… ’ (Deuteronômio 4:1).
Os sábios dizem que “o selo de D-us é a verdade”, já que as letras finais das três palavras que concluem o relato da criação (Genesis 2:3) – bara Elohim la’asot, ‘D-us criou para fazer’, soletram a palavra da Emet (verdade) [ie, בָּרָא אֱלהִים לַעֲשׂוֹת – אמת].
Nós não estudamos a Torá e as Escrituras apenas para edificação intelectual, mas ‘por amor aos Céus (D-us)’ isto é; l’shem shamayim, por uma questão de fazer as “obras de amor e verdade e justiça.” Como o rabino Chiya disse: “Alguém que estuda a Torá, mas não tem a intenção de buscar praticar as Mitzvot (mandamentos), seria melhor se ele nem começasse” (nem tivesse nascido).
A fé sem Maa’sim Tovim (boas obras) está morta, e nós devemos ser “cumpridores da palavra”, e não somente ouvintes (Tiago 1:22). O rabino Baal Shem Tov (1698-1760 Ucrânia) ensinava; “o objeto da Torá é que o indivíduo deve tornar-se a si mesmo, a Torá”, que também vai de encontro com ensino que devemos ser “cartas vivas”, expressando a luz de D-us em nossas vidas através de nossas ações (Mateus 5:16, 2 Coríntios 3:3;. Fil 2:15)..
A Torá está sendo escrita nos corações daqueles que depositam sua confiança em Yeshua o Messias para a justiça (Jer. 31:31;. Hebreus 10:16). Está escrito que ‘estamos sendo feitos nele, criados em Yeshua, o Messias para boas obras (לְמַעֲשִׂים טוֹבִים) que D-us de antemão preparou para que andássemos nelas’ (Ef 2:10). Em outras palavras, a exigência das boas obras é a realidade no Espirito de D-us e a fé em Yeshua como Messias em nós…
Notemos também na nossa porção Torá desta semana lendo: ‘Guardai, pois, com diligência as vossas almas… ’ (Deuteronômio 4:15). A gramática Hebraica aqui é um pouco incomum, uma vez que o verbo shamar (שָׁמַר), significando para “cuidar” ou para “guardar”, é escrito em a passiva (niphal), isto é; ‘Deixai-vos serem guardado bem… ’ (וְנִשְׁמַרְתֶּם מְאד לְנַפְשׁתֵיכֶם).
Se nós abrirmos os nossos corações para ouvir a verdade de D-us nós iremos ser protegidos das armadilhas e das consequências da idolatria… ‘porque não vistes forma alguma no dia em que o Senhor vosso D-us’(Deuteronômio 4:15)… ‘só Adonay é D-us, em cima no céu e embaixo na terra; não há nenhum outro’. (Deut. 4:39)… Quando nós nos rendermos a esta verdade absoluta em nossas mentes e coração então vamos entender que; ‘Adonay é quem te guarda… yishmor et nafshecha – Adonay guardará a sua alma’ (salmos 121:5-7).
Note-se que a frase “fala ao seu coração” pode ser melhor traduzida como “voltar o seu coração para” (וַהֲשֵׁבתָ אֶל – לְבָבֶךָ), sugerindo que a verdade de D-us se encontra lá, dentro do coração que realmente o busca.
Que o maléfico (isto é; rasha: רָשָׁע) abandone o seu caminho, e a pessoa pervertida (isto é; ish avon: אִישׁ אָוֶן) os seus pensamentos, e deixe-os voltar (ou seja, shuv: שׁוּב) a Adonay, para que Ele possa ter misericórdia (isto é; rachamim: רַחֲמִים) sobre eles, pois o nosso D-us, é grandioso é em perdoar (ie, selichá: סְלִיחָה).

Comments are closed.