Os rabinos discutiram a importância do livro de Ruth (רות), este livro aparentemente sem importância. Eles viram-no como um livro importante de fato, confirmando a legitimidade do Messias, o descendente de David. A história é tradicionalmente lida durante a Festa de Shavuot (Pentecostes) nas Sinagogas em todo mundo.
Enquanto a narrativa da história é simples, para compreender inteiramente suas implicações “espirituais” precisamos estar familiarizado com as várias leis da Torá, incluindo as ‘leis da redenção/remisão’ (Levitico 25:32-55), as leis de Shemitá (ano sabatíco) e Yovel (Jubileu) (Levitico 25:4, 10, 23), as leis de herança de família (Números 27:8-11), as leis de Yibum (casamento levirato) (Deuteronômio 25:5-10), e várias leis de agricultura relativo à deixar comida para os pobres e necessitados (Peah e Leket) (Levitico 19:9-10; 23:22; Deuteronômio 24:19).
Além disso, precisamos compreender as ‘leis de guerra’ para a tomada de posse da terra, e que D-us declarou repetidamente o mandamento que Israel deve ser Santo (separado) e não assimilar com culturas alheias, a dos gentios (Êxodo 34:12; Deuteronômio 7:1-6; 14:2, Efésios 2:11 e etc.).
Durante os ‘dias dos juízes’, em Belém de Judá – Beit Lechem (בֵּיתלֶחֶם, literalmente: “casa de pão”), na região denominada Efratah (אֶפְרָתָה, literalmente: fecundidade / frutífero), viveu um homem chamado Elimelech (אֱלִימֶלֶךְ) e sua esposa Naomi (נָעֳמִי) com seus dois filhos, Machlon e Chilyon.
Aparentemente os nomes de seus filhos refletem as dificuldades do tempo: Machlon vem de uma raiz hebraica (מָלָה) que significa ‘ficar doente’, Considerando que Chilyon vem de uma raiz hebraica (כָלָה) que significa ‘ser frágil’.
O livro de Ruth (מגילת רות) é messiânico de duas maneiras: ele liga a Tribo de Judá a Belém, que confirma a linhagem da Casa de David, da onde o Messias viria, a Tribo de Judá, fazendo um círculo completo para a realização das profecias messiânicas.
Um detalhe, como o Livro de Josué 19:15-16 registra, que Beit Lechem (Belém) é realmente a herança da tribo de Zebulum; ‘Aí também estavam… e Belém:… foram a herança de Zebulum, clã por clã.’
Mas, olhando de perto, Ruth 1:1 declara: ‘… Um homem de Belém (בית לחם) de Judá (יהודה)… ’ Sem o livro de Ruth (מגילת רות), não haveria nenhuma conexão direta entre a Tribo de Judá (שבט יהודה) e a cidade de Belém. Este é um componente muito importante para o cumprimento das profecias messiânicas, porque, como muitas vezes citado em Miquéias 5:2 o Messias viria de Beit Lechem (Belém).
Na medida em que confirma a linhagem da Casa de David (בית דוד) ligada na Tribo de Yehudá (Judá), existe uma controvérsia interessante descrito em Ruth 4:12: ‘Também seja a tua casa como a casa de Pérez (פרץ), que Tamar deu a Judá…’ , note que Peretz (Pérez) era um filho bastardo de Judá, pois Tamar ainda estava comprometida ao filho mais novo de Judá, e pela instrução em Deuteronômio 23:2 ‘Nenhum bastardo entrará na congregação de Adonay (בקהל יהוה);. Até a sua décima geração… ’
Na genealogia descrita no livro de Ruth, David (דוד) é o décimo na linha depois de Peretz (Pérez). Ela confirma a aliança davídica que será dado no futuro, e liga a Casa de Davi na linhagem da Tribo de Judá como Ruth 4:22 declara: ‘… E Obed (עבד) gerou Jessé (ישי), e Jessé gerou a Davi’.
Em um antigo Midrash, que ilustra um ponto, os rabinos contavam que uma vez que Doeg, o edomita, questionou a legitimidade de David. Como poderia David entrar na congregação de Israel (קהל ישראל)? Afinal de contas, a instrução diz em Deuteronômio 23:3: ‘Nenhum amonita ou moabita ou qualquer dos seus descendentes, até a décima geração, poderá entrar na congregação de Adonay (קהל יהוה)’.
Os estudiosos de Israel estavam preocupados com o desafio de Doeg e então para escaparem da pergunta eles disseram: “Um Moabita, mas não uma Moabita”.
O livro de Ruth foi escrito, dizem eles, para mostrar a dignidade de Ruth e demonstrar ainda mais a legitimidade de David, e mais importante, o Messias. Ruth se tornou a ancestral de reis, porque ela deu bondade e devoção aos outros. Alem disso toda á historia de Ruth mostra a Chesed (Graça) de D-us.
O livro de Rute é notável por algumas coisas: A lealdade à aliança, disse Ruth ‘… onde você for eu vou … Seu povo será meu povo, seu D-us será meu D-us’. Redenção (Geulá) de Ruth por um Goel (parente redentor ou remidor). O leitor se identifica com o risco que ela tomou, e nos deixa com uma sensação de otimismo, esperança e confiança, e um sentimento de satisfação e realização. Há, no entanto, muito, muito mais para a história de Ruth, pois ela é antes de tudo uma história de redenção (גאולה) e restauração.
O livro de Ruth (מגילת רות) nos ensina que a Redenção (Geulá) vai muito mais além da redenção pessoal e ocorrerá dentro de uma família, uma comunidade e nação, por mais que a teologia de muitas pessoas não aceite tais fatos. Nenhuma pessoa é uma ilha.
Outra lição que este livro nos ensina é que; a redenção (גאולה) de uma forma ou de outra exige separação, ou longo dos ensaios de nossas vidas devemos saber discernir. ‘Ruth beijou Naomi e foi com ela para o seu futuro, mas Orfah beijou-a e voltou-se para seu passado’. Antes da redenção vem a separação entre o bem e o mal, o puro e o impuro… daquilo que deve ser redimido daquilo que deve ser rejeitado e abandonado.
O elemento importante é a redenção messiânica que passaria por David, que está no sustentáculo da história. Os judeus cabalistas ensinam-nos que os três fonemas de Adam – אדם (Adão) representam as três fases da história humana – uma letra (א) para Adam (אדם), D (ד) para David e M (ם) para o Mashiach (Messias). A salvação de Ruth é, portanto, uma parábola para todo o panorama da história da humanidade.
Nota-se; Quando D-us primeiramente criou as “gerações” (gêneses 2:4) dos céus e da Terra, (אלה תולדות השׂמים והארץ) a palavra hebraica usada neste verso é Toldot – תולדות (gerações, Origens). Ela refere-se antes da queda do homem, antes do pecado de Adão e Eva.
De qualquer forma esta palavra hebraica Toldot – תולדות (gerações) é soletrada, escrita diferente no texto original hebraico, com a letra Vav faltando logo depois do fato. Então em cada texto na bíblia (em hebraico) onde aparece a palavra Toldot – תולדות (Gerações) ‘ estas são as gerações (Noé e etc.)…’ a palavra é soletrada, escrita “erroneamente” com a letra Vav faltando (תולדת).
Porem quando lemos o livro de Ruth 4:18 na frase ‘estas são as (Toldot – תולדות) gerações de Perez’, a letra Vav reaparece na escrita da palavra novamente.
Em toda as Escrituras as únicas vezes que a palavra Toldot (gerações) é escrita “corretamente” com a letra Vav são em Genesis 2:4 e em Ruth 4:18, o qual nos faz perguntar; qual a conexão entre estes dois versos. Entre a criação das gerações dos céus e da Terra com as gerações de Peretz (Pérez)?
O nome em hebraico Peretz (פרץ) significa ‘brecha, lacuna’ (פער) da raiz paratz (פרץ). “romper” através de algo. O que nos mostra que D-us iria ‘abrir uma lacuna’ através das famílias da humanidade com o objetivo de restaurar a criação ao seu estado original.
A letra hebraica vav que reaparece alude ao Messias que viria através das ‘gerações’ (תולדת) da linhagem de Peretz (פרץ).
Finalmente, a história de Rute ilustra que a lei por si só é incapaz de redimir-nos (como é bem ilustrado pelo ‘Redentor sem nome’ no livro de Ruth, que não queria ‘por em risco’ sua herança) e, portanto, por isto algo mais é necessário.
Um verdadeiro Go’el (גאֵל), Redentor/Remidor/Resgatador/salvador, caracteriza-se por amor e compaixão, assim como a lei do espírito da vida (תּוֹרַת רוּחַ הַחַיִּים) é o que nos liberta da lei do pecado e da morte (תּוֹרַת הַחֵטְא וְהַמָּוֶת). Ruth superou a “letra da lei” pela fé no amor Redentor de D-us.
Como Ruth, temos de “ir para a Eira” como ‘sem merecer nada’, para reivindicar o amor Redentor de D-us.
Temos que dizer ao Messias, Estenda a seu Talit (manto) sobre teu Servo/Serva, pois você é Remidor – (Ruth 3:9). Ki Goel Atá – כי גאל אתה


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