17 de Tamuz é um dia jejum parcial que comemora (celebrandum), ou seja, traz à mente, a queda de Jerusalém antes da destruição do Templo Sagrado (בית המקדש). Também marca o início de um período das ‘3 semanas de reflexão’ (Bein HaMitzarim), até Tisha B’Av .
Os Sábios ensinavam que: “Cada geração em que o Beit HaMikadesh (Templo) não foi reconstruído, é como se Ele fosse destruído naquela geração.”
Um dia de jejum (צום) não é apenas um dia de reflexão, mas um dia oportuno. Nós não podemos mudar o passado. Não podemos desfazer o que já foi feito. Podemos, no entanto, mudar o futuro antes que aconteça. Fazemos isso mudando o nosso presente. Refletir sobre o passado é muito bom. No entanto, agir no presente é o que é necessário, corrigir no presente é mais do que o necessário, é essencial. Por isto 17 do mês de Tamuz é um dia em que somos autorizados a corrigir a causa dessa destruição, para que o nosso longo exílio seja encerrado e nos encontremos vivendo em tempos messiânicos; que seja muito em breve.
Alguns de nós levamos uma dor interna profunda e teimosa que se recusa a deixar-nos, mesmo depois de termos derramado nossos corações diante aos Céus por livramento… Talvez essa dor venha de feridas infligidas muito cedo na nossa vida, que nos deixaram sentindo-nos traídos, vitimados, e assim por diante. D-us conhece a nossa luta… Nós podemos encontrar a cura quando aprendemos a “possuir” a dor e torná-la parte da nossa história, confiando que D-us irá usá-la para o nosso bem (Gam Zu Le’Tová).
Afinal, um dos nomes D-us é Av HaRachamim Elohei Kol Nachamá (אַב הָרַחֲמִים וֵאלהֵי כָּל נֶחָמָה) “O Pai das misericórdias e D-us de toda consolação“… Adonay “nos conforta”, literalmente chama-nos pra ficar ao Seu lado, (no grego; παρακαλέω). O Eterno (HaVaYaH) vê quando o pardal cai; veste a flor em seu vale escondido; e chama cada estrela no cosmos por nome. Mais o mais importante ainda, e que Ele vê e compreende a nossa luta e compreende o nosso choro…
É notável que a bênção tradicional, nas orações da manhã (Shacharit: שַחֲרִת), recitada nas sinagogas de todo o mundo começa com palavras atribuídas ao enigmático e profeta Balaão: Má Tovú: ” Quão belas são as suas tendas, ó Jacó, as suas habitações, ó Israel!” (Números 24:5).
Os Nossos sábios dizem que a palavra “tenda” (אהֶל) refere-se à vida interior – o que realmente sentimos por dentro, ao passo que a palavra “morada” (מִשְׁכָּן) refere-se à vida exterior, o nosso lugar ou circunstâncias.
Juntos, o interior e o exterior marcam a qualidade de nossas vidas, mas o interior é o ponto de partida, uma vez que é preciso primeiro aprender a viver em paz conosco. Isso é vital: é preciso primeiro tolerar nossas deficiências, erros e praticar compaixão para com a nossa frágil humanidade…
Isso às vezes é chamado de Shalom ba’Bayit (שלום בבית), “a paz no lar”, ou neste caso, paz interior.
Essa paz interior (שלום בבית) é uma das maiores bênçãos, pois sem ela não se apaga a dor, o medo e o ódio, tornando-nos incapazes de prosseguir a vida ou dar a volta por cima.
As próximas 3 semanas de reflexão (Bein HaMitzarim) são muito importantes para nós tanto historicamente quanto para o futuro. Os acontecimentos históricos no dia 17 de Tamuz e 9 de Av:
Cinco grandes catástrofes ocorreram na história judaica no dia 17 de Tamuz: Moisés quebrou as Tabuas no Monte Sinai em resposta ao pecado do Bezerro de Ouro.
As ofertas diárias no Primeiro Templo foram suspensas durante o cerco de Jerusalém. As Muralhas de Jerusalém foram quebradas, antes da destruição do Segundo Templo no ano 70 Dc.
Antes da Grande Revolta, o general romano queimou um rolo da Torá – estabelecendo assim um precedente para a queimas subsequentes de livros judaicos ao longo dos séculos.
Uma imagem idólatra foi colocada no Santuário do Templo Sagrado – um ato insolente de blasfêmia e profanação.
O dia 17 de Tamuz é o primeiro de quatro dias de jejum mencionados nos profetas. Refletir sobre estes eventos é destinado a ajudar-nos a vencer nossas deficiências que provocaram estes trágicos acontecimentos. Através do processo de Teshuvá (arrependimento) e auto introspecção e um compromisso de melhorar – nós temos o poder de transformar a tragédia em alegria. De fato, no Talmud diz que após a redenção futura de Israel e a reconstrução do Templo, estes dias de jejum serão reeditados como dias de alegria e festividade. Porque, como o profeta Zacarias diz: Contudo, lá virá um tempo quando D-us os converterá em dias de festa (Moedim).
Assim diz Adonay Tzeva’ot; o jejum do quarto mês, e o jejum do quinto mês e o jejum do sétimo mês, e o jejum do décimo mês, se convertera em gozo e alegria e festas solenes (Moedim) para a casa de Judá; por isso, ame a verdade e a paz (Zacarias. 8-19).
Ou seja:
O jejum do quarto mês [17º de Tamuz] e o jejum do quinto (9º de Av), e o jejum do sétimo (3º de Tshrei ou Yom Kipur), e o jejum do décimo [10º de Tevet – cerco de Jerusalém] serão para a Casa de Yehudá júbilo, felicidade e dias festivos.


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