Existem momentos determinados na história humana nos quais a conjunção de vários elementos sociais e políticos criam uma situação de perigo imediata numa região determinada da nossa querida e precária Terra. Nos aproximamos a um desses momentos…
No Oriente Médio a chamada primavera árabe – que já definimos aqui como um inverno que leva às trevas – está numa etapa quase final, fechando pouco a pouco um cerco islâmico fanático em volta de Israel. Talvez não tenha sido esse o objetivo principal no inicio, porém não há dúvida de que será uma das consequências principais, talvez a mais importante de todas, no final desse processo.
A penúltima peça do dominó é a Síria, a última a cair será Jordânia.
A votação das Nações Unidas aceitando a Palestina como país, criado unilateralmente num território em conflito ou em disputa, é talvez um dos últimos pregos que fecha definitivamente o ataúde das possibilidades de diálogo entre Israel e Abu Mazen. A resposta de Israel, decidindo ostentosamente construir em terrenos considerados problemáticos, resposta mais retórica que prática – já que serão anos de planejamento antes de qualquer passo concreto – é a parte mais fácil e que menos afetou de imediato aos palestinos. A decisão de cobrar a dívida deles para com a companhia elétrica de Israel, quase 150 milhões de dólares, através da suspensão do traspasso de impostos cobrados nos portos para os palestinos, afetou diretamente a economia da Autonomia Palestina, já muito enfraquecida. A Autonomia Palestina esqueceu que está simbioticamente amarrada a Israel, quando foi para as Nações Unidas… Um país moderno não pode existir sem ecônomia própria, sem aeroportos, sem portos marítimos, se quer realmente ser viável e não São Marino ou Lichtenstein.
As eleições em Israel serão no dia 22 de janeiro, e os resultados já são bem claros e definidos hoje, em todos os sondeios e previsões. Num parlamento de 120 membros, o partido no governo, coalição de Netaniahu e Liberman, deverá conseguir aproximadamente 40 lugares, sendo com muito o maior partido da casa. Uma coalizão de direita e ultra direita mais os partidos religiosos que acreditam na Israel Biblica – até o Rio Jordão – esse será o governo de Israel a partir de fevereiro de 2013. A maioria dos habitantes de Israel estão cansados de falar de paz, as novas gerações não acreditam na boa fé dos palestinos nem num diálogo com eles…
Os partidos de centro esquerda estão divididos por questões de ego e não representam uma alternativa de governo, o maior partido, Partido do Trabalho (social democratas) não chegará aos 20 membros no parlamento.
A multidão de pequenos partidos complica mais a situação, que fica já definida. Israel parte para a intransigência, para o síndrome de estamos cercados e nos defenderemos…até o final…
A insurreição na Síria está também na suas etapas finais, a agonia chegou às ruas de Damasco e inclusive Russia está abandonando ao Assad. Um Assad que já matou muitos mais sirios que o seu nefasto progenitor…
Qual será o futuro da Síria país que tem uma longa história de guerras contra Israel e uma fronteira mútua relativamente extensa no Planalto de Golan? Duas aldeias na zona desmilitarizada nessa fronteira estão já nas mãos de muçulmanos fanáticos (salafim) sem que as tropas que ali têm as Nações Unidas (!?) façam coisa alguma. Acreditar que um soldado da Áustria ou da Polônia esteja disposto a morrer para defender Israel é simplesmente tragicômico.
A Síria de amanhã será tão fanática e perigosa para Israel como a Síria de hoje, provavelmente mais ainda. Dividida, com um arsenal convencional e químico incontrolado, os grupos mais fortes que participam hoje nessa insurreição, chegados de fora, vão assumir um papel importante nalgumas regiões, incluindo muito provavelmente a fronteira com Israel.
A conjunção de um governo de direita e ultra direita em Israel com ameaças concretas e imediatas em quase todas as suas fronteiras, além da ameaça clara e definida do Irã e o Hamas levantando cabeça dentro da Autonomia Palestina – não deixam muitas esperanças de um ano 2013 de calma na região do Oriente Médio.
A inutilidade das Nações Unidas e a falta de atos claros e definidos por parte da União Europeia apenas pioram – se possível – a situação.
Yehuda Hochmann, PhD.
Arad, Deserto do Neguev, Israel, 14 de dezembro de 2012.
Exclusivo para o Jornal do Comercio – Manaus
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